Maioria dos pacientes está com sarna humana, segundo boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil e Pirajuí (SP). Houve apreensão de medicamentos controlados sem os receituários médicos, além de relatos de agressão. Produtos apreendidos pela Polícia Civil durante vistoria à clínica de Pirajuí
A Polícia Civil flagrou, na tarde desta quinta-feira (8), 26 homens em situação de maus-tratos e suspeita de cárcere privado em uma clínica para tratamento de alcoolismo e dependência química no bairro Santa Guilhermina, em Pirajuí (SP). A maioria está com sarna humana.
No boletim de ocorrência, além de agressões e privação da liberdade mesmo em casos de internação voluntária, também foi relatado a suspeita de crime de depósito e entrega de medicamentos sem procedência.
O g1 entrou em contato com a clínica, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
Ainda segundo o registro policial, os pacientes relataram que atos de indisciplina são punidos com a ingestão forçada de um coquetel de medicamentos apelidado de "Danoninho" que os deixa dopados e faz dormir por longos períodos.
No escritório da clínica foram apreendidos medicamentos controlados, desacompanhados dos receituários médicos.
No local, conforme o registro policial, não foram apresentados todos os alvarás de funcionamento, que estão sendo providenciados, segundo os responsáveis.
Também vistoriaram o estabelecimento uma comitiva formada pelo Ministério Público, Polícia Militar, Vigilância Sanitária Municipal, Secretaria Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Assistência Social.
A Polícia Civil solicitou exame de corpo de delito em todos os internados na clínica e a promotoria informou que pretende ingressar com uma ação para interditar o estabelecimento e transferir os pacientes.
Segundo relatos obtidos no local, conforme o boletim de ocorrência, mesmo em casos de internação voluntária, "ao manifestarem o desejo de deixarem a clínica, [os pacientes] eram impedidos pelos responsáveis, mediante violência física e grave ameaça".
Ainda de acordo com depoimentos à polícia, pacientes indisciplinados eram trancados e "os responsáveis pela clínica dificultavam o contato dos mesmos [internados] com suas respectivas famílias e também não lhes prestavam os devidos cuidados de saúde".