Quando recebe sua primeira crítica, ainda na juventude, a protagonista do espetáculo “Bibi – Uma Vida em Musical” relata o que está sentindo
Quando recebe sua primeira crítica, ainda na juventude, a protagonista do espetáculo “Bibi – Uma Vida em Musical” relata o que está sentindo em uma canção na qual enfatiza: “Eu vou vencer”. No decorrer da trama, que conta a história pessoal e profissional de Bibi Ferreira, fica claro que a artista não só venceu como também se eternizou como um dos principais nomes do teatro musical brasileiro. A produção, que estreou originalmente em 2018, está de volta a São Paulo no Teatro Claro para celebrar o centenário da atriz. Amanda Acosta, que coleciona prêmios por sua atuação como Bibi, definiu como “emocionante” seu retorno ao musical no ano em que a artista que inspirou a obra completaria 100 anos. “Ela conseguiu a eternidade através da arte dela. Esse espetáculo é uma grande homenagem a Bibi e a todos os artistas e compositores. Ele é tão intenso que as pessoas saem inspiradas e apaixonadas pela Bibi. Essa é a missão do musical, manter viva a história da nossa arte e dos nossos grandes artistas”, comentou Amanda em entrevista à Jovem Pan.
Bibi morreu no dia 13 de fevereiro de 2019 aos 96 anos. Antes de partir, ela assistiu ao musical feito em sua homenagem. “Foi o último espetáculo que ela assistiu, e ela amou”, contou a protagonista, que trabalhou intensamente no gestual e na voz para viver Bibi dos 19 anos, idade em que estreou no teatro, até os 90, quando fez história ao se apresentar em um teatro da Broadway. “Ela foi marcante em tudo o que ela fez, então cada detalhe é muito importante. A Bibi é a personagem mais desafiadora que eu interpretei.” O espetáculo aborda como foi a formação musical da artista, a relação com o pai, o ator Procópio Ferreira, o convite para protagonizar “My Fair Lady” — primeiro título Broadway montado no Brasil —, os desafios na época da ditadura militar, o estrondoso sucesso do espetáculo “Piaf, a Vida de Uma Estrela da Canção”, a homenagem que Bibi recebeu da escola de samba Viradouro e outros momentos marcantes da vida da atriz, incluindo seus relacionamentos amorosos.
Além de contar a história de Bibi, o espetáculo se faz atual ao mostrar que a classe artística ainda enfrenta problemas similares aos do século passado. “O musical explora as dores e as delícias da profissão através da história da Bibi. Mostra, por exemplo, que mesmo no período de censura, o teatro e os artistas resistiram”, pontuou Amanda. Apresentado como um grande defensor da profissão, Procópio Ferreira, interpretado de forma primorosa por Chris Penna, usa do humor e de doses de sarcasmo para falar das dificuldades de viver da arte. “Ser artista no Brasil é uma montanha-russa, e agradeço por conseguir viver da arte. Agora eu faço novela no SBT [‘Poliana Moça’], mas sempre fiz muito teatro e é muito instável. A cultura não pode ser mexida a cada governo porque é a identidade de um povo”, declarou a intérprete de Bibi, que se vê representada por sua personagem. “Eu me enxergo nela, eu me reconheço nela, então muitas coisas que eu falo através dela ali no palco, eu concordo.” Dentre as falas da protagonista, a que mais impacta Amanda e, sem dúvidas, reflete a alma desse espetáculo é a seguinte: “O que a gente entrega com amor, o público sempre aceita”.