As queixas contra o bilionário pelo tratamento que tem dispensado a seus trabalhadores desde que comprou o Twitter só aumentam. Adriana Villarreal (à esquerda), Julio Alvarado e Juana Laura Chavero Ramirez foram demitidos nesta semana
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Longas jornadas de trabalho e clima hostil são apenas algumas das críticas que se acumulam dia após dia contra Elon Musk desde que o bilionário comprou o Twitter no final de outubro. Agora, parte dos funcionários da equipe de limpeza da rede social, demitidos sem indenização, engrossam o coro dos descontentes a apenas algumas semanas antes do Natal.
"Só posso dizer que não tenho dinheiro para pagar o aluguel", diz à BBC o mexicano Julio Alvarado, que até esta semana estava encarregado de limpar a sede do Twitter em San Francisco, no estado americano da Califórnia, oeste dos Estados Unidos.
"Não vou ter plano de saúde. Não sei o que vou fazer", acrescenta.
Alvarado trabalhava no Twitter há 10 anos e destaca que o ambiente de trabalho sempre foi agradável.
No entanto, diz ele, isso mudou com a chegada de Musk.
"As pessoas trabalhavam sem preocupações", afirma. "Agora temos medo", denuncia, ao mesmo tempo que alega que, desde a venda do Twitter, passou a ser vigiado por seguranças enquanto limpava partes dos escritórios e que inclusive chegou a ouvir que robôs iriam substituir os funcionários de limpeza no futuro.
Julio Alvarado sustenta sua família no México, algo que não sabe o que fazer
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Nesse contexto, um senador do estado da Califórnia denunciou que Musk estava tratando ex-funcionários "como lixo" e que os faxineiros haviam recebido um tratamento "horrível".
"No curto prazo, gostaria de vê-lo (Elon Musk) tratar seus faxineiros como seres humanos", diz Scott Wiener à BBC, "e recontratá-los, uma vez que foram demitidos pouco antes do Natal", acrescenta o senador.
Enquanto isso, o promotor de San Francisco, David Chiu, assinala que está investigando se Musk infringiu a lei com essas demissões. O Twitter não respondeu a um pedido de comentário da BBC.
"Elon Musk tem um longo histórico de desrespeito às leis trabalhistas", argumenta Chiu. "Embora não esteja surpreso com o que aconteceu, sinto muito por esses trabalhadores. Vamos investigar isso mais a fundo", acrescenta.
Funcionários da limpeza demitidos do sindicato do Twitter protestam na sede da empresa em San Francisco
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Além de Alvarado, a BBC conversou com três outros funcionários de língua espanhola da equipe de limpeza do Twitter. Todos preocupados com seu futuro, pois há poucas vagas de limpeza disponíveis em San Francisco no momento.
Os faxineiros contam que trabalhavam normalmente no Twitter na semana passada até que foram informados de que seus empregos estavam ameaçados.
Olga Miranda, presidente do sindicato dos faxineiros, explica que os funcionários organizaram uma greve na última segunda-feira (5/12) para protestar. Logo em seguida, foram informados de sua demissão imediata.
"Fizeram isso três semanas antes do Natal. Acho que nos demitiram porque somos sindicalizados", opina.
Adrianna Villarreal, que trabalhou no Twitter por quatro anos, não sabe como vai alimentar a família no Natal.
"É triste e frustrante para nossas famílias e nossos filhos", lamenta.
Enquanto isso, Juana Laura Chavero Ramírez, que trabalhou no Twitter por cinco anos, é diabética e teme não conseguir seus remédios. "É horrível", lamenta.
Dormindo nos escritórios
Essas não são as únicas críticas contra Musk desde que o bilionário assumiu o controle do Twitter e anunciou aos seus funcionários que eles teriam que trabalhar "longas horas em alta intensidade".
A BBC recebeu fotos de escritórios do Twitter transformados em quartos e sofás em camas, algo que as autoridades de San Francisco estão investigando como uma possível violação da convenção do edifício.
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Uma das fotos recebidas pela BBC
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"Agora os empregados são obrigados a dormir no escritório", disse o senador Scott Wiener à BBC na quarta-feira.
"Está claro que ele (Elon Musk) não se importa com as pessoas. Não se importa com as pessoas que trabalham para ele", acrescentou.
Mas não são apenas os trabalhadores que estão dormindo nos escritórios, mas também o próprio Musk.
Um ex-funcionário disse que o novo dono do Twitter "praticamente vive" na sede desde que comprou a empresa.
Em um tuíte agora excluído, Musk disse que trabalharia e dormiria no escritório "até que a organização fosse consertada".
Uma sala de conferências transformada em quarto na sede do Twitter em San Francisco
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A revista Forbes publicou a história dos "quartos sombrios na sala de conferências da sede da empresa, recentemente despovoada", observando que se tratava de uma aparente melhoria no arranjo improvisado de sacos de dormir no chão postado por um funcionário no próprio Twitter.
Os quartos, segundo a agência de notícias financeira Bloomberg, também serviriam de acomodação para funcionários da Tesla e de outras empresas de propriedade de Musk que trabalham no Twitter, "alguns dos quais se deslocam para a empresa para reuniões de negócios", relataram as fontes ouvidas pela Bloomberg.
Um funcionário do Departamento de Inspeção de Edifícios disse à emissora CBS News: "Temos que garantir que o prédio seja usado conforme sua convenção".
Em resposta a um repórter no Twitter sobre isso, Musk postou que a cidade deveria priorizar a proteção das crianças contra as consequências do uso de opioides.
Em maio de 2020, antes da aquisição de Musk, o Twitter disse a seus funcionários que eles poderiam trabalhar em casa "para sempre" se quisessem, porque suas medidas anticovid de trabalho remoto, implementadas durante os lockdowns, se provaram bem-sucedidas.
No mês passado, Musk encerrou essa política.