O Brasil e a Argentina acertaram a assinatura nesta segunda-feira (23) de uma nova linha de crédito para que o país vizinho possa acelerar a importação de produtos brasileiros, em especial manufaturados, que teve queda acentuada nos últimos anos.
A operação negociada entre os ministérios da Fazenda brasileiro e da Economia argentino teria financiamento de bancos públicos e privados brasileiros com aval do Fundo Garantidor de Exportação, mas com lastro em garantias reais, como commodities.
O anúncio será feito durante a viagem do presidente Lula a Buenos Aires.
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A operação foi desenhada para tentar se distanciar ao máximo de empréstimos anteriores em que o Brasil concedeu crédito a países como Venezuela, Cuba e Moçambique com garantia do Tesouro Nacional.
Ao mesmo tempo, tenta-se reverter a cada vez menor participação argentina como destino de exportações brasileiras, que desde que Lula deixou a presidência, em 2011, caiu quase à metade.
O Brasil quer evitar ainda o avanço da China como fornecedor de manufaturados para a Argentina.
Segundo uma fonte graduada do Ministério da Fazenda ouvida pelo blog, com garantias da Argentina sendo dadas em commodities - como o gás da reserva de Vaca Muerta - e em contratos assinados em Nova York ou Londres, bancos privados teriam mais segurança na operação, que também ficaria protegida da superinflação do país vizinho, que em 2022 chegou quase a 100%.
A nova linha de crédito é um dos três pontos a serem assinados nesta segunda pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Sergio Massa (Economia).
Um segundo ponto é garantir um livre fluxo financeiro entre os dois países, já que empresas brasileiras na Argentina tem restrições em retirar do país seus recursos.
O terceiro ponto é o mais polêmico até o momento: a criação de uma moeda virtual comum entre os países do Mercosul.
Fontes do governo brasileiro viram declarações de Massa, que afirmou ao jornal "Financial Times" que se estudava a criação com o Brasil de uma moeda nos moldes do Euro, como discurso de campanha. A Argentina terá eleições presidenciais em outubro.
Por isso, fontes do governo brasileiro se apressaram em dizer que o acordo vai estabelecer a formação de um grupo de estudo para, ao longo de quatro anos, avaliar a criação de uma unidade de conta comum, apenas para transações comerciais.
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