Presidente havia dito que atual meta de inflação inibe o crescimento da economia. Já o ministro da Fazenda defendeu que todas as variáveis sejam observadas ao definir a meta. Os ministros da Fazenda do Brasil, Fernando Haddade, e da Economia da Argentina, Sergio Massa
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Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que a atual meta de inflação atrapalha o crescimento da economia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que todos os aspectos envolvidos na definição da meta sejam ponderados com "sobriedade".
O ministro também falou em "ter tranquilidade" para enfrentar essa discussão e que uma inflação mais baixa é sempre o mais desejável.
As declarações foram dadas em Buenos Aires, na Argentina, onde o ministro acompanha o presidente Lula em uma série de agendas bilaterais e com empresários.
"Tudo isso tem que ser ponderado, com sobriedade, e olhando para o mercado, olhando qual é o comportamento dos preços, qual a chance de a gente convergir pra uma inflação mais baixa, que é sempre o mais desejável, sobretudo pensando na parte mais vulnerável economicamente da população", afirmou. "É ter tranquilidade em enfrentar esse tipo de discussão", declarou Haddad.
O ministro também afirmou que é preciso olhar não somente para o centro da meta de inflação, mas também para o piso e para o teto. "Tem chance da gente pelo menos a gente estar dentro da banda, que é relativamente alta no Brasil, que é 1,5 [ponto percentual pra cima ou baixo]."
Na semana passada, Lula criticou a atual meta de inflação, que é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para o presidente, uma meta baixa faz o Banco Central subir juros demasiadamente, o que inibe o crescimento da economia.
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“Você estabelecer uma meta de inflação de 3,7%, quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. [...] O que nós precisamos nesse instante é o seguinte: a economia brasileira precisa voltar a crescer”, defendeu Lula.
Lula fala sobre as questões envolvendo o Banco Central
A declaração de Lula foi lida como um indicativo de que o governo brasileiro pode subir a meta de inflação para os próximos anos. A definição da meta é feita pelo Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e pelo presidente do Banco Central.
Já Haddad, nesta segunda, disse que os agentes econômicos estão confiantes de que o Brasil está convergindo para a meta estabelecida e que isso precisa ser observado pelo CMN.
"Essa é uma coisa que tem que ser observada pelo CMN, observar qual é a projeção que os agentes econômicos estão fazendo para tomar decisão, todo mundo prefere inflação mais baixa do que mais alta”, disse Haddad.