Evento lembrou os 100 anos do rádio no Brasil e os 60 anos da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Em Portugal, o primeiro Seminário Luso-Brasileiro de Radiodifusão reuniu nesta segunda-feira (13) empresários brasileiros e portugueses do setor de rádio e TV.
O encontro foi realizado na Casa da América Latina, no centro de Lisboa.
O evento lembrou os 100 anos do rádio no Brasil e os 60 anos da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
No seminário, o ministro das Comunicações do Brasil, Juscelino Filho, ressaltou o papel dos veículos de comunicação na consolidação da democracia.
"Nestes tempos de fake news, de questionamentos, de descrença, ou até de ameaças informações ao noticiário e à própria comunicação de massa, é de destacar a importância da mídia na garantia da disseminação de conteúdos confiáveis e fidedignos. Além de ressaltar o enorme desafio que cabe a todos nós nesse processo", disse.
O evento debateu o futuro da mídia. Executivos reforçaram a necessidade de responsabilizar as grandes empresas de tecnologia, as chamadas "big techs", pelo conteúdo veiculado.
O tema foi analisado por Ricardo Castanheira, ex-conselheiro na representação permanente de Portugal junto à União Europeia.
Na opinião dele, o Brasil precisa avançar no debate sobre o impacto dessas plataformas nos serviços de comunicação. Castanheira fez uma comparação com a experiência europeia.
"Nesse caso foram criados, a nível europeu, um conjunto de cotas para produção de conteúdo europeu. Foi a forma encontrada para introduzir, dentro daquilo que são as grelhas desses serviços on demanda, conteúdo europeu. Isto é um elemento absolutamente fundamental, porque na verdade a diversidade cultural é uma riqueza em si mesma, mas encontrou-se um mecanismo de incentivar e estimular a existência dessa diversidade cultural, que, porventura, de outra forma não seria alcançada. E taxas, taxas essas também adicionais, que servem, pois, a nível nacional, haver fundos de produção audiovisual, que têm sido, em grande medida, fatores de criação audiovisual", disse.
Francisco Balsemão, fundador da SIC; em discurso, ele homenageou Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo
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Durante o evento, o jornalista Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo, foi homenageado no discurso de Francisco Balsemão, ex-primeiro ministro de Portugal e fundador da emissora portuguesa SIC. Ele lembrou a parceria com a Globo:
"Minhas relações com o Brasil são fortes e variadas. Uma delas criou-se e cimentou-se através de Roberto Marinho. O pai, Roberto Marinho, quase viveu um século e construiu um império de mídia, começando pelo jornal O Globo, que foi dado a ele aos 20 e poucos anos por seu pai. Passando para rádio e cadeia de rádios, e aos 60 anos, arriscando tudo e passou para a televisão e para a cadeia de televisões."
O fundador da SIC disse ainda:
"Era um homem notável. (...) Criou, com seus próprios meios, a Fundação Roberto Marinho, que ainda hoje procura contribuir para o encontro de soluções para problemas que atingem a sociedade brasileira".
Balsemão concluiu:
"As minhas relações pessoais e profissionais com os Marinho, via Globo, continuaram e continuam. A Globo foi uma das principais acionistas iniciais da nossa televisão, a SIC, mantendo o uso exclusivo das novelas e dos produtos da Globo. Mantemos contato frequentemente, eu tenho contato frequente com Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto. Meu filho, Francisco Pedro, que é o atual CEO da nossa empresa, está nesse momento no Rio, onde vai contatar os Marinho, e contatar então, a Globo".