São Paulo e Rio de Janeiro completam o 'top 3', mostra estudo da FGV Social; levantamento também aponta um aumento na desigualdade do País por conta da pandemia. Praça dos Três Poderes, em Brasília, com vista para o Congresso Nacional
Tony Winston/Agência Brasília/Divulgação
Os mais ricos do país estão no Distrito Federal. Ao menos foi o que apontou o Mapa da Riqueza do Brasil, estudo coordenado pelo economista e diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), Marcelo Neri, e feito com base no imposto de renda de pessoas físicas (IRPF).
De acordo com o levantamento, o Distrito Federal está no topo do ranking de renda média da população (R$ 3.148) e é a unidade da federação com a maior declaração de patrimônio por habitante (R$ 94,7 mil). Em seguida veio o estado de São Paulo, com uma renda média de R$ 2.093 e patrimônio médio de R$ 90,8 mil.
O Rio de Janeiro, por sua vez, ocupa o terceiro lugar no ranking da renda média (R$ 1.754), mas baixa para a quinta posição entre os estados com maior declaração de patrimônio por habitante (R$ 63,1 mil). Veja a lista com os seis primeiros estados do ranking por renda média da população abaixo.
Distrito Federal: R$ 3.148
São Paulo: R$ 2.093
Rio de Janeiro: R$ 1.754
Rio Grande do Sul: R$ 1.673
Santa Catarina: R$ 1.652
Paraná: R$ 1.559
O estudo também faz o cálculo dos dados por capitais. Nesse caso, o primeiro lugar fica com Florianópolis, em Santa Catarina, com R$ 4.215 de renda média e R$ 169 mil de patrimônio médio por habitante. Em seguida, vieram Porto Alegre (RS) e Vitória (ES). Veja a lista com as seis primeiras capitais do ranking por renda média da população abaixo.
Florianópolis (SC): R$ 4.215
Porto Alegre (RS): R$ 3.775
Vitória (ES): R$ 3.736
São Paulo (SP): R$ 3.542
Curitiba (PR): R$ 3.427
Brasília (DF): R$ 3.148
Já na abertura por municípios, o ranking mostra as 677 maiores cidades do Brasil, cuja população ultrapassa 50 mil habitantes.
“Dentre os 20 [municípios] mais ricos, encontramos todas as capitais do eixo Sul-Sudeste, sendo Florianópolis a melhor posicionada, como a 4ª cidade de maior renda no país”, informa o levantamento.
Os outros quatro municípios brasileiros que estão no topo da lista são Nova Lima (BH), São Caetano do Sul (SP), Niterói (RJ) e Santos (SP).
Renda inferior a R$ 2 mil
O estudo também apontou que mais de 80% da população não fez a declaração do IRPF em 24 das 27 unidades da federação e em 16 das 27 capitais brasileiras em 2020 – o que indicaria que a maioria das pessoas nessas localidades tinha renda inferior a R$ 2 mil.
“Por outro lado, alguns bolsões do país têm ganho médio próximo de R$ 40.000. É o caso do Lago Sul, no Distrito Federal, onde a renda mensal é de R$ 39.535 entre os declarantes do IRPF”, informou o levantamento.
Aumento da desigualdade
O estudo da FGV Social também aponta que a pandemia aumentou a desigualdade de renda no Brasil.
“Mesmo com o Auxílio Emergencial, que preservou a renda dos mais pobres, a desigualdade não caiu em 2020, como se acreditava. Isso porque o ganho da classe média tupiniquim teve desempenho muito pior que o dos mais ricos”, explicam os coordenadores do estudo.
De acordo com o levantamento, a perda de renda do 1% da população mais rica do país foi de 1,5%, enquanto a da classe média foi de 4,2%.
Para esse cálculo, o estuda utiliza o índice de Gini – instrumento usado para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo.
Assim, unindo a base de dados do IRPF à da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o índice de Gini chegou a 0,7068 em 2020 – bem maior do que os 0,6013 calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que usa apenas a Pnad.
Nesse caso, quanto mais perto de 1 está o índice, maior é a diferença de renda entre as classes econômicas. "Cada 0,03 ponto equivale a uma grande mudança da desigualdade, segundo Tony Atkinson [economista]", diz o levantamento.