Reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) pode definir nesta quinta uma mudança no formato do sistema de metas de inflação brasileiro. Equipe econômica do governo, formado por Haddad e Tebet, tem maioria no CMN. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (29) que um estudo da instituição mostrou que a adoção de uma meta de inflação contínua, ou seja, diferente do atual formato de fixação uma meta para cada ano, "é mais eficiente".
"Em relação a ser contínua ou não, a gente já explicitou um trabalho em 2017. Tem esse estudo que mostra que a meta contínua é mais eficiente. Em alguns momentos da história, o governo ficou preocupado em estourar a meta em um ano específico e acabou tomando medidas no final do ano que fizesse com que aquela inflação caísse de forma pontual e que gerou uma alocação de recursos que não era a mais eficiente do ponto de vista econômico. E grande parte dos países não tem meta de ano-calendário", declarou Campos Neto.
O modelo adotado no país atualmente é de ano-calendário. Ou seja, o CMN define uma meta de inflação para cada ano.
A meta contínua, por sua vez, não seria limitada ao período de um ano fechado. Poderá ser adotado, por exemplo, um "horizonte relevante" para o BC buscar a meta - de 18 meses à frente.
Para atingir a meta de inflação, o BC usa seu principal instrumento, a taxa básica de juros. Quanto as estimativas para o IPCA do período considerado está acima da meta, o BC sobe o juro. Se está compatível, pode baixar a taxa Selic.
Nesta quarta-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai discutir na próxima reunião, marcada hoje, uma possível mudança no modelo da meta de inflação. Ele tem defendido que a meta seja contínua.
"[Vamos discutir] se é o caso ou não de tomar essa decisão sobre padronizar em relação ao resto do mundo o programa de metas de inflação do Brasil, que é sui generis, só no Brasil e mais outro país, acho que Turquia, que usa meta calendário", disse Haddad nesta quarta-feira.
O presidente do Banco Central afirmou, também, que a definição das metas de inflação é uma prerrogativa do governo. "Ele [o Banco Central] cumpre a meta e tem autonomia operacional, tenho procurado ajudar com experiências e estudos técnicos", acrescentou.
Além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Conselho Monetário Nacional é composto pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
As decisões do CMN são tomadas por maioria simples de votos. Então, uma eventual mudança no modelo de meta precisa de dois dos três votos.