Depois de meses de árduo trabalho de mediadores e um ponto percentual de juros a menos, o presidente Lula aceitou receber Roberto Campos Neto, que preside o Banco Central desde 2018 e tem mandato até o fim do próximo ano.
O encontro ocorre nesta quarta-feira (27) e será o primeiro entre os dois no Palácio do Planalto e desde que Lula assumiu a Presidência da República.
Dois dias antes de tomar posse, em dezembro do ano passado, Lula se reuniu com Campos Neto. Segundo assessores, não foi um bom encontro. Sob a desconfiança de um nome indicado por seu antecessor, Jair Bolsonaro, uma taxa de juros alta, mas, em especial, pela perda de autonomia sobre quem comandaria o Banco Central durante seu mandato, a conversa foi seca.
Nos meses seguintes, Lula atacou Campos Neto, chegou a chamá-lo de "este cidadão", de "tinhoso" e de "teimoso", críticas que se espalharam por apoiadores e ministros do presidente.
A situação amainou com o início da queda de juros, em agosto, e pela perspectiva de uma sequência de quedas nas próximas reuniões do Copom, hoje com dois diretores indicados de Lula. Até o fim do ano, mais dois diretores terminam seu mandato e serão substituídos por nomes indicados por Lula.
Campos Neto, que chegou a mandar sinais para ser recebido por Lula, reclamou a pessoas próximas por saber dos nomes cotados para a diretoria do BC pela imprensa. O principal intermediário do encontro desta quarta foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que em muitos momentos atuou como bombeiro.
O principal sinal que se pode tirar da reunião desta quarta, mesmo antes de ela acontecer, é o de maturidade institucional.