Muitos territórios abertos na Amazônia, porém, são usados para a especulação imobiliária e não têm produção, diz MapBiomas. Mudança é explicada por alta do desmatamento no Norte e conversão de terras para agricultura no Centro-Oeste. Vista aérea mostra gado pastando em área desmatada da Amazônia próxima a Porto Velho, no dia 14 de agosto de 2020.
Ueslei Marcelino/Reuters
A Amazônia se consolidou, em 2022, como o bioma com a maior área de pastagem do Brasil, superando o Cerrado pelo 2º ano consecutivo, informou o MapBiomas, nesta sexta-feira (6), uma rede do Observatório do Clima composta por ONGs, universidades e empresas.
Em 2021 – primeira vez em que houve a mudança – a Amazônia havia ultrapassado em 2,1 milhões de hectares a área de pastagem do Cerrado. Essa diferença triplicou de um ano para o outro e, hoje, o bioma do Norte está 6,3 milhões de hectares à frente do Centro-Oeste.
Cada hectare de terra corresponde a um pouco mais de um campo de futebol, cerca de 10.000 m².
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A mudança está relacionada com 2 fatores:
aumento do desmatamento da Amazônia;
conversão de pastagens do Cerrado em plantações de grãos, como a soja.
Apesar de a Amazônia ter tido expansão da área de pastagem, nem sempre esses territórios estão sendo utilizados para criar gado, explica Júlia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas.
"Muitas delas não são produtivas, sendo convertidas para especulação imobiliária e, posteriormente, inclusive, para a agricultura", explica Júlia.
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Na Amazônia...
teve 45,3% das pastagens registradas em 2022 são áreas novas, com menos de 20 anos de existência. É o bioma brasileiro com maior área de pastagens recém-abertas;
a soja, que era inexpressiva em 1985, chegou a mais de 5,7 milhões de hectares no ano passado;
a área total de agricultura chegou a 7,2 milhões de hectares, praticamente o dobro de 10 anos atrás.
O Cerrado...
corresponde a 48% de toda a área plantada com soja no Brasil;
tem cerca de 3,3 vezes mais de área plantada com soja que a Amazônia;
ainda assim, tem uma área de pastagem duas vezes maior que a área de agricultura.
Outros pontos do estudo
O levantamento do MapBiomas trouxe outros dados da agropecuária brasileira, levando em conta o período que vai de 1985 a 2022. Nesse intervalo de tempo:
a área ocupada pela agropecuária no Brasil cresceu 50%, avançando sobre 95,1 milhões de hectares – extensão superior ao terceiro maior estado brasileiro, Mato Grosso, e o equivalente a 10,6% do território nacional;
quase dois terços (64%) da expansão da agropecuária no Brasil é resultado do desmatamento para pastagem, cerca de 64,5 milhões de hectares;
o desmatamento direto para a agricultura responde por outros 10% da expansão da agropecuária no Brasil, equivalentes a 10 milhões de hectares;
os cinco estados com maiores áreas de desmatamento para conversão para pastagem foram Pará (18,5 milhões de hectares), Mato Grosso (15,5 milhões de hectares), Rondônia (7,4 milhões de hectares), Maranhão (5,4 milhões de hectares) e Tocantins (4,5 milhões de hectares);
os cinco estados com maiores áreas de desmatamento para conversão direta para agricultura foram Mato Grosso (3 milhões de hectares), Rio Grande do Sul (2,6 milhões de hectares), Bahia (1,8 milhão de hectares), Maranhão (790 mil hectares) e Goiás (550 mil hectares).
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