Javier Milei, economista argentino, é candidato à presidência em chapa de extrema-direita. Ele venceu as eleições primárias da Argentina, realizadas em agosto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que uma eventual vitória de Javier Milei – o candidato radical de extrema-direita que concorre à presidência na Argentina – preocupa o governo brasileiro.
"É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um... Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação", disse Haddad em entrevista à agência Reuters.
Javier Milei é um economista argentino formado pela Universidade de Belgrano, tem 52 anos e é natural de Buenos Aires. Milei venceu as eleições primárias da Argentina, realizadas em agosto.
As primárias na Argentina são uma votação obrigatória para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais, marcadas para este domingo (22).
Por lei, todos os partidos são obrigados a fazer prévias — mesmo que haja um único candidato e isso seja só uma formalidade —, e todas as frentes políticas passam pelas primárias no mesmo dia.
De acordo com o ministro Haddad, "não se transpõe para as relações internacionais as questões internas".
"Mesmo quando você tem preferências, manifestas ou não", disse Haddad à Reuters, relembrando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém relações amigáveis com chefes de Estado de várias vertentes políticas.
"É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul. Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o quê para merecer esse tipo de tratamento", questionou o ministro Haddad.
O jornal "El País" descreve Milei como um economista ultraliberal, que se declara "anarcocapitalista". O argentino é contra o aborto, a favor do casamento homoafetivo, considera as mudanças climáticas "uma farsa" da esquerda e se identifica com a extrema direita do Vox na Espanha, também segundo o jornal.
"Estamos propondo um sistema bancário e a reforma monetária que acabará levando à extinção do Banco Central, onde os argentinos podem escolher sua moeda e não serem obrigados a suportar a moeda emitida pelos políticos argentinos", disse Milei em entrevista à agência Reuters em maio de 2022.