Maria José de Lima, mais conhecida como Mazé, tem faturado com a fabricação de doces em Carmópolis de Minas (MG). O empreendimento emprega dezenas de mulheres. Da tradicional paçoca aos doces glaceados, a doceira de Maria José de Lima, a Mazé, é um verdadeiro sucesso na região de Carmópolis de Minas, cidade localizada a aproximadamente 110 km da capital Belo Horizonte (MG).
Apesar da loja singela, a clientela é numerosa. Do Norte ao Sul, moradores do Brasil inteiro fazem encomendas e até pagam frete para receber os quitutes na porta de casa.
Toda a equipe voltada para a produção dos doces é formada por mulheres, que ajudam Mazé a atender a demanda e a ter um tempinho livre para outras atividades, como participar de palestras e escrever livros.
Quem vê o sucesso da doceira não imagina quantas dificuldades ela já passou ao longo da vida. Antes de se tornar empreendedora, Mazé viveu na roça, sem energia elétrica.
Aos sete anos, a doceira já cozinhava e fazia faxina. Na época, a família dela mantinha uma pequena criação de vacas leiteiras. Com tamanha dificuldade, até mesmo o sonho de uma vida melhor era limitado.
Sem muita perspectiva, Mazé continuou a trabalhar em plantações de café e arroz.
Relacionamento abusivo
Três anos mais tarde, a até então trabalhadora rural viu a oportunidade de deixar a vida sofrida através de um casamento. O noivo, um rapaz da cidade, era 14 anos mais velho que ela.
Apesar da união, logo o "conto de fadas" foi tomado por brigas constantes e episódios de violência doméstica.
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Antes de pedir o divórcio, Mazé trabalhou como faxineira em uma instituição financeira. O emprego trouxe sustento para a família, mas tornou a convivência com o marido insustentável.
O estopim para o término da relação foi uma traição. Levou um tempo para a Mazé se reerguer e dar a volta por cima.
Vida mais doce
Mesmo desempregada, ela voltou a sonhar. Dessa vez, com alguns trocados emprestados, comprou ingredientes para preparar doces de amendoim e vendê-los pelas ruas da cidadezinha mineira.
A iniciativa abriu caminho para Mazé se aventurar em um empreendimento. Se aperfeiçoando com cursos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Empretec, logo, ela ampliou a variedade de doces.
Com as primeiras economias, a empreendedora comprou fogões e um terreno para construir sua loja/ fábrica e aumentar a produção. Hoje, com a ajuda dos filhos, o local possui até um gerador de vapor instantâneo.
Para Mazé, além do trabalho duro, o segredo para o sucesso no negócio foi ter um bom fornecedor de ingredientes.
As laranjas usadas no preparo dos doces são orgânicas, cultivadas pelo produtor Gutemberg Prudente de Assis. Ao ano, cerca de 10 toneladas da fruta são usadas no preparo de quitutes.
Paciência também é importante! O preparo dos doces envolve várias estampas, desde mergulhar a fruta na calda até o cozimento, é o que explica Cidinha Silveira, que trabalha há 20 anos com Mazé.
Quando prontos, os doces caseiros reluzem e mostram que, na verdade, o simples é complexo.
Roteiro de peça teatral
Entre altos e baixos, a vida da trabalhadora rural que superou as dificuldades e virou uma grande empreendedora no ramo alimentício virou roteiro de peça teatral.
Produzidos por alunos de artes cênicas de uma escola em São Paulo, a obra inclui até mesmo o episódio em que a casa e fábrica de Mazé foram vandalizados pelo ex-companheiro dela.
Durante o processo de divórcio, a doceira chegou até mesmo a pagar pensão alimentícia ao ex-marido, que faleceu há alguns anos.
Confira a reportagem completa nos vídeos acima.
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