A Whoosh, que nasceu na Rússia em 2019, desembarcou no país há poucos meses e escolheu Florianópolis para fazer seu primeiro teste em solos brasileiros. Whoosh é a mais nova empresa de patinetes elétricos a desembarcar no Brasil
Cesar Lopes/Whoosh
Uma das notícias corporativas de maior destaque na semana passada foi a falência da Grow, fusão da brasileira Yellow com a mexicana Grin, e principal aposta vista no país para o setor de aluguel de bicicletas e patinetes para transporte de pequenas distâncias.
Além do fracasso da Grow, a Lime e a Uber tentaram montar operações robustas de mobilidade e deram errado. Agora, mais uma empresa de patinetes elétricos chegou ao Brasil, novamente com uma promessa de crescimento expressivo e acreditando que o modelo pode dar certo.
A Whoosh nasceu na Rússia em 2019 e desembarcou no país há poucos meses. Em seu primeiro teste, despejou 1,3 mil patinetes pelas ruas de Florianópolis em junho. Na primeira expansão, em outubro, para Porto Alegre, adicionou mais 450 à frota em circulação.
O objetivo é expandir o negócio para outras grandes capitais e colocar mais de 30 mil patinetes em circulação em 10 cidades nos próximos três anos, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.
No mundo, a frota da companhia já possui mais de 160 mil patinetes elétricos, disponíveis em mais de 40 cidades. A maior parte delas está na Europa, onde o modelo de negócio teve mais sucesso que no Brasil.
O que tem de novidade
Apesar da frustração das outras companhias do segmento no país, a Whoosh acredita no potencial do mercado brasileiro. Segundo o CEO da companhia no Brasil, Francisco Forbes, o principal diferencial da empresa é o modelo operacional.
Diferente das outras empresas, que permitiam que os usuários retirassem e deixassem os equipamentos em qualquer ponto da cidade, o modelo da Whoosh só permite que o estacionamento em áreas designadas no mapa do aplicativo.
"Com isso, conseguimos uma melhor integração da operação com o fluxo urbano e o cotidiano da cidade, além de uma melhor eficiência operacional. Isso também facilita a troca de baterias e faz com que os patinetes estejam 24 horas por dia disponíveis ao usuário", comenta Forbes.
O executivo também diz que os patinetes contam com um sistema mais tecnológico, visando tornar o serviço o mais automático possível, além de a empresa contar com uma equipe de funcionários própria, sem terceirizados.
"Usamos a tecnologia como recurso de mobilidade, e isso também é um diferencial. Conseguimos monitorar todas as viagens, identificar e entender perfis de uso. Com isso, podemos melhor atender as demandas do nosso usuário, mantendo elevados níveis de segurança, que é um ponto primordial para nossa operação", pontua.
Francisco Forbes, CEO da Whoosh no Brasil
Cesar Lopes/Whoosh
Os fracassos do setor
Durante um curto período, os patinetes elétricos foram uma febre no Brasil, sobretudo nos centros comerciais de São Paulo. Era comum ver executivos de terno e gravata se locomovendo pela cidade, com equipamentos que podiam deixados em qualquer lugar.
No modelo de negócios, bicicletas e patinetes ficavam bloqueadas nas calçadas, e o interessado em utilizá-las precisava desbloquear o acesso por meio de um aplicativo de celular, que lia o código do equipamento e calculava o preço do uso, com base no tempo de viagem.
A Grow, fusão da brasileira Yellow com a mexicana Grin, foi a maior operação do tipo, mas sempre enfrentou grandes dificuldades para realizar a manutenção dos equipamentos, além de sofrer com vandalismo e furtos.
No começo de 2020, a Grow abandonou as bicicletas e seguiu apenas com os patinetes em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Meses depois, a pandemia de Covid-19 derrubou a circulação de pessoas e trouxe impactos ainda mais severos sobre o caixa da companhia.
Em julho daquele ano, a Grow entrou com um pedido de recuperação judicial. Na última semana, sem perspectiva de retomar as atividades, a Justiça de São Paulo decretou a falência da empresa.
Na mesma toada e sem conseguir rentabilizar o negócio por aqui, a norte-americana Lime saiu do Brasil em 2020, apenas seis meses depois de chegar ao país.
Em comunicado divulgado à época da decisão, a companhia disse o encerramento das atividades em São Paulo e no Rio de Janeiro — assim como em outras capitais da América Latina e dos Estados Unidos — tinha como objetivo a viabilização da "sustentabilidade financeira" do negócio, que havia tido um prejuízo de cerca de R$ 300 milhões em 2019.
Por fim, ainda vale lembrar da Uber, que lançou o mesmo serviço de patinetes em janeiro de 2020 e, em julho do mesmo ano, teve que encerrar a operação por conta da pandemia.