Pompeia

A queimada em reserva e pastagens das Fazendas Guaiuvira e Água do Cedro

Nos últimos dias, a população de Pompeia e região conviveu com o risco real das queimadas. Como em muitas regiões brasileiras, a seca prolongada aumentou os riscos de focos de incêndio e permitiu que ele se espalhe.

Por Mara Ramos

17/09/2024 às 08:52:54 - Atualizado há

Na tarde de 22 de agosto passado, as equipes das fazendas Guaiuvira e Água do Cedro, localizadas no município de Pompeia, SP, identificaram o primeiro foco de incêndio na área industrial de Paulópolis. O vento e a seca fizeram com que o fogo se espalhasse em três direções diferentes, atingindo as fazendas Água do Cedro, Guaiuvira e Guaritá no dia 23.


As chuvas amenizaram a situação no dia 24, porém, os dias seguintes foram de intenso trabalho para conter o fogo que se espalhava de forma descontrolada. A ação incluiu o monitoramento dos pontos de maior risco, na tentativa de extinguir focos, além da ampliação de aceiros e limpeza. No dia 28, o fogo voltou com força nas Fazendas Guaiuvira e Guaritá, onde o caminhão dos Bombeiros conseguiu chegar, porém, sem conseguir conter as chamas.

No dia 29/08, as equipes começaram a atuar nas encostas, que também já estavam sendo consumidas pelo fogo, mas havia riscos para os brigadistas, o que impediu que o trabalho prosseguisse. A partir do dia 02/09 os focos de incêndio se ampliaram e a situação se tornou muito crítica depois que os brigadistas fizeram a tentativa de bloqueio do fogo com aceiro, porém, o fogo acabou transpondo o aceiro, atingiu e destruiu vegetação nativa e áreas de pastagem, começando a se aproximar da cidade.

Desde o início, os gestores das fazendas alertaram as autoridades sobre o risco de descontrole do fogo e a possibilidade de chegar à cidade. Os dias 4, 5 e 6 foram os mais críticos, especialmente para a população urbana, já que o fogo se aproximava muito da cidade e também da sede da Fazenda Guaiuvira, além de atingir a plantação de eucalipto ao lado do Distrito Industrial.

No dia 05, o fogo se alastrou até os limites do Distrito Industrial, onde integrantes da Defesa Civil e Prefeitura precisaram retirar a cerca permitindo o acesso para a ampliação do aceiro já existente, quando também foi necessária a derrubada de algumas árvores para liberar o caminho. Como estavam combatendo incêndios em outro lado da fazenda, a família só tomou conhecimento da ocorrência, no dia 06, pela manhã.

O combate ao fogo envolveu as equipes das fazendas e contou com o auxílio do Corpo de Bombeiros – inclusive com apoio de um helicóptero equipado para combate a incêndios florestais – Defesa Civil, Prefeituras de Pompeia e municípios vizinhos e especialmente voluntários entre produtores rurais, comerciantes, industriais e pessoas da cidade e região que se dispuseram a colaborar. Um grupo de mulheres de Pompeia, se organizou para o fornecimento de marmitas, isotônico, água e máscaras para os brigadistas e voluntários que trabalharam por quase 15 dias seguidos, chegando nos dias mais críticos a um número aproximado de 100 pessoas atuando no combate ao fogo.

Mata Nativa
Agora sob controle, alguns focos de fogo ainda seguem monitorados. Mas as consequências desses dias trouxeram um prejuízo incalculável para a natureza. O fogo atingiu quase a totalidade dos 1500 hectares de mata das Fazendas Guaiuvira e Água do Cedro, que são vizinhos contíguos. Além de cerca de 260 hectares de pastagens e cercas.

Atualmente, as duas fazendas desenvolvem um projeto conjunto de preservação da vegetação nativa, que é uma floresta de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, denominada Floresta Tropical Semidecídua, que se estende por uma grande área das duas fazendas. Seu projeto ambiental contempla a preservação de espécies da fauna e flora, preservação de nascentes, viveiros para produção de mudas, manutenção de apiários, entre outras ações.

O impacto da destruição ainda está sendo calculado e a ação mais emergencial no momento, é manter o fogo sob controle e alimentar os animais silvestres. Diariamente são disponibilizados em pontos estratégicos da mata, cochos de alimentos como frutas e vegetais, além de água. Esta é mais uma ação voluntária de grupos organizados da cidade de Pompeia.

A mata das Fazendas Guaiuvira e Água do Cedro, representa um patrimônio ambiental para toda a região, na medida que fixa carbono, absorve o calor, preserva a água e ainda dá abrigo e alimentos para a fauna, contribuindo para o equilíbrio ambiental. Nesse momento, todos os esforços estão voltados para sua restauração.

"A recuperação total pode demorar mais de 100 anos, mas nossos esforços agora são para recuperar e fazer tudo o que a tecnologia nos permite para que isso ocorra com mais celeridade. De nossa parte, queremos agradecer aos órgãos oficiais e especialmente aos voluntários e aos colaboradores das fazendas, que mantiveram o espírito de solidariedade e união naqueles dias sem trégua. Foi isso que nos fortaleceu para enfrentar o fogo. E é por esse mesmo espírito que queremos recuperar a mata. É para o bem de todos", salientou um dos gestores da Fazenda Guaiuvira, Mário Bastos.


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