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Economia

Com dúvidas sobre contas públicas, presidente do BC diz que mercado já espera alta nos juros


Roberto Campos Neto participou de evento na Federação Brasileira de Bancos. Segundo ele, os mercados financeiros globais têm se mostrado mais preocupados com alta do endividamento. O mercado financeiro inverteu sua previsão nas últimas três semanas e passou a prever alta na taxa básica de juros da economia brasileira, informou nesta sexta-feira (25) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante palestra em almoço promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"No caso do Brasil, se a gente olhasse esses dados três semanas atrás, o mercado estaria dizendo basicamente que os juros iam começar a cair perto do meio do ano [que vem] e agora, se inverteu, e na verdade o mercado espera que o juro vai voltar a subir. Eu acho que aqui tem uma incerteza sobre o arcabouço fiscal [regras para as contas públicas]", declarou Campos Neto.

Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos. Segundo gráfico divulgado por Campos Neto no evento, a expectativa do mercado é de um aumento de 90 pontos base, ou 0,9 ponto percentual, nos próximos seis meses. Se confirmada a estimativa, a taxa Selic ficaria acima de 14,5% ao ano nesse período.

A mudança na expectativa do mercado financeiro aconteceu após a divulgação da PEC da Transição. Economistas temem pelo seu impacto impacto na dívida pública. A medida prevê tirar da regra do teto de gastos toda a despesa com o Bolsa Família, de R$ 175 bilhões. Com isso, seriam liberados R$ 105 bilhões para outras despesas, como saúde, educação e segurança, entre outros.

Nesta quinta-feira (24), Campos Neto já tinha dito que havia um peso maior da 'incerteza fiscal' no cenário econômico e acrescentou que BC pode ter de reagir no futuro. Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico.

No evento da Febraban desta sexta-feira, Campos Neto observou que os mercados financeiros estão mais sensíveis a propostas de aumento de gastos que piorem as contas públicas e impactem o nível de endividamento. Ele citou o exemplo da Inglaterra, cuja ex-primeira-ministra Liz Truss propôs pacote com cortes de impostos sem cobrir o rombo orçamentário e teve de deixar o cargo.

"A dívida que foi feita na pandemia, e medidas de enfrentamento ao aumento dos preços de energia e alimentos foram boas, mas geraram dívida. Hoje agentes estão ansiosos para ver o plano dos governos para diminuir essa dívida", disse Campos Neto.

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