Estatal manteve intenção de desinvestir até US$ 20 bilhões no próximo quinquênio, apesar dos apelos do grupo de transição do governo eleito para que as vendas fossem suspensas até a posse de uma nova gestão em 2023. Petrobras; petróleo; refinarias
Divulgação/Petrobras
A Petrobras prevê investir US$ 78 bilhões entre 2023 e 2027, alta de 15% em relação ao plano de negócios plurianual anterior, com o segmento de exploração e produção mantendo o protagonismo, ainda que com uma fatia ligeiramente menor, enquanto a área de refino ganhou espaço.
Em fato relevante divulgado na noite de quarta-feira (30), a Petrobras ainda manteve a intenção de desinvestir até US$ 20 bilhões no próximo quinquênio, apesar dos apelos do grupo de transição do governo eleito para que as vendas fossem suspensas até a posse de uma nova gestão em 2023.
Embora mais robusto, o novo plano reduziu levemente a fatia destinada a E&P, de 84% no planejamento anterior para 83%, enquanto elevou para 12% o total para refino, gás e energia, versus 10,4% no programa divulgado em 2021.
O total de investimentos previstos em refino e gás natural subiu para US$ 9,2 bilhões --com cerca de 50% dos recursos aplicados na expansão e aumento da qualidade e eficiência do refino--, enquanto a área de E&P deverá receber 64 bilhões de dólares, com 67% sendo destinados ao pré-sal.
Mesmo assim, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), alinhada ao PT, disse em nota que o governo Lula deverá rever a os investimentos, para incluir aumento maior da capacidade de refino, projetos de transição energética, com estímulos a fontes renováveis, como biocombustíveis, e encomendas à indústria naval brasileira, com a construção de plataformas e embarcações no país, gerando emprego no Brasil.
O montante de investimentos, no entanto, é ainda superior à média dos últimos seis planos estratégicos, que foi de US$ 72 bilhões, pontuou a companhia, sinalizando "que os investimentos voltaram ao patamar pré-Covid".
Em meio a críticas do governo de transição sobre a redução de investimentos da companhia nos últimos anos e os altos dividendos pagos, a petroleira disse que o plano "consolida a Petrobras como a maior investidora do país".
Além disso, a estatal afirmou ter incluído no documento todos os projetos que apresentaram viabilidade econômica segundo os critérios de governança e aprovação da empresa, "não havendo qualquer represamento de projetos por restrição orçamentária".
A petroleira ressaltou que além do montante previsto, a companhia alocará cerca de 20 bilhões de dólares em afretamentos de novas plataformas, totalizando assim quase 100 bilhões de dólares de recursos em projetos.
Por determinação de normas contábeis, valores a unidades arrendadas no plano de negócios acabam sendo contabilizados como dívida e não como investimento.
Novas fronteiras da exploração de petróleo também ganharam atenção do novo plano.
"Com o objetivo de buscar novas fronteiras de óleo e gás, incluindo oportunidades em gás não associado, o plano considera investimento total em exploração de 6 bilhões de dólares, sendo aproximadamente 50% na margem equatorial", disse a empresa.
Do lado do refino, a Petrobras planeja investimentos em oito novas unidades de processamento, além de seis obras de adequações de grande porte em unidades já existentes.
"Com esses projetos concluídos, prevê-se aumento de capacidade de processamento e conversão do refino da Petrobras em 154 mil de barris por dia (bpd) e a capacidade de produção de Diesel S-10 será ampliada em mais de 300 mil bpd", afirmou.
A petroleira destacou que os investimentos até 2027 incluem 4,4 bilhões de dólares, ou 6% do montante total, em projetos direcionados a iniciativas em baixo carbono da companhia.
Produção e desinvestimentos
O plano mantém uma gestão de portfólio ativa, com expectativa de desinvestimentos entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões no quinquênio, "o que contribuirá para melhorar a eficiência operacional, o retorno sobre o capital e a geração de caixa adicional para realização de novos investimentos mais aderentes à estratégia da companhia".
A petroleira reiterou a visão de seu atual comando de que a gestão ativa permite focar nos ativos que têm potencial para elevar o retorno esperado do seu portfólio de forma sustentável e/ou reduzir os riscos percebidos pela Petrobras.
A meta de produção para 2023 foi "mantida" em 2,1 milhões de barris de óleo por dia, segundo a petroleira, com uma variação de 4% para mais ou para menos, considerando os ajustes do Acordo de Coparticipação de Sépia e Atapu, que reduziram 0,1 milhão de boed em relação ao plano passado.
A meta de produção total para 2023, incluindo petróleo e gás natural, também foi mantida em 2,6 milhões de boed, considerando variação de 4% para mais ou para menos.
"A projeção de produção de óleo para 2024 e 2025 foi reduzida em aproximadamente 0,1 milhão de bpd, na comparação com o plano passado, por ajuste no cronograma de interligação de poços", detalhou a empresa.
Em 2027, a empresa prevê atingir 2,5 milhões de bpd e 3,1 milhões de boed.
A curva de produção considera a entrada de 18 novas plataformas do tipo FPSO no período, sendo 11 afretadas, seis próprias e uma não operada.
Dentre as principais premissas para a financiabilidade do plano, a Petrobras informou considerar preços alinhados ao mercado internacional, caixa de referência de 8 bilhões de dólares, dívida bruta entre 50 bilhões e 65 bilhões de dólares.
O petróleo Brent médio do quinquênio do plano é estimado em 75 dólares/barril e a taxa de câmbio média para o mesmo período é de R$ 5 o dólar.
A petroleira prevê pagar em tributos e participações governamentais até 2027 de US$ 195 bilhões a US$ 205 bilhões e de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões em dividendos à União.