Instituição divulgou nesta terça-feira a ata da última reunião do Copom, quanto a taxa básica de juros da economia foi mantida estável em 13,75% ao ano, maior nível em seis anos. Juros altos do BC têm sido criticados reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou nesta terça-feira (7) que houve uma deterioração das expectativas de inflação de prazos mais longos e acrescentou que permanecerá "vigilante" para buscar as metas fixadas, podendo manter os juros altos por um período "mais prolongado" do que o previsto anteriormente, ou até mesmo elevá-los.As informações constam na ata de sua última reunião, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia foi mantida estável em 13,75% ao ano - o maior nível em seis anos. O alto patamar da taxa de juros, o maior do mundo, tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira", disse o petista nesta segunda-feira (6).O BC possui autonomia formal fixada em lei para perseguir as metas de inflação, e o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, com mandato aprovado até o fim de 2024, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro."Não obstante a desaceleração na margem [últimos meses], a inflação ao consumidor continua elevada. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação", informou o Copom, na ata.Alta de gastos e pacote fiscalNa ata do Copom, divulgada nesta terça-feira, o Banco Central voltou a mostrar preocupação com o aumento de gastos públicos e seu efeito na inflação — já citado anteriormente em várias ocasiões. O medo é que a alta de despesas, autorizada por meio da PEC da transição para recompor o orçamento de 2023, pressione ainda mais os preços. "A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal [das contas públicas, com aumento de gastos] e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária [fixação dos juros para conter a inflação]", informou no documento.Desta vez, porém, o BC acrescentou que a execução do pacote fiscal do ministro Fernando Haddad, anunciado em janeiro, com foco principalmente na alta da arrecadação, "atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação".Nesta segunda-feira, Haddad chegou a reclamar do Copom, avaliando que a instituição poderia ter sido "um pouco mais generosa" com o governo, em suas avaliações, diante das medidas anunciadas em janeiro para melhorar as contas públicas.Apesar de uma referência mais clara ao pacote fiscal na ata do Copom divulgada nesta terça-feira, o BC observou que "será importante acompanhar os desafios na sua implementação" pelo governo. As medidas precisam passar pelo Congresso Nacional.Mudança da meta de inflaçãoO Copom também citou em sua ata uma possível mudança das metas de inflação nos próximos anos, algo que está sendo considerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe econômica.Junto com uma "possível percepção" de leniência do BC com as metas e uma alta de gastos públicos, a possível mudança da meta foi apontada pela instituição como algo responsável pela "deterioração das expectativas de inflação de prazos mais longos".Sobre esse tema, o Copom lembrou que conduz a política para a taxa de juros com base nas metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional. "Em resumo, mais importante do que a análise das motivações para a elevação das expectativas, o Comitê enfatiza que irá atuar para garantir que a inflação convirja para as metas", declarou.Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação dos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.