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Economia

Semana de quatro dias úteis pode aumentar a produtividade das empresas


Gabriela Brasil, da 4 Day Week Global, mostra os desafios da redução da jornada de trabalho e seus impactos nas empresas e seus colaboradores

E se o “quintou” se tornasse o novo “sextou” da semana do brasileiro? Para algumas empresas daqui e várias pelo mundo, essa já é uma realidade. Depois de implementar pilotos e repensar a cultura organizacional, elas passaram a realizar em quatro dias o que faziam em cinco, gerando maior produtividade e qualidade de vida para seus colaboradores. Gabriela Brasil, gerente de Projetos e Comunidade da 4 Day Week Global, um movimento que defende a mudança, fala sobre os desafios da jornada reduzida e como implementar este modelo.

Gabriela Brasil

Julia Salustiano

1. O que é preciso para implementar a semana de 4 dias em uma empresa?

Se o intuito da empresa é aumentar a produtividade, melhorar o engajamento e o bem-estar dos funcionários, a execução de um piloto para definir objetivos é fundamental. Outro ponto é decidir se haverá participação de acadêmicos para analisar os resultados – algo bastante desejável. Essa será a base para entender as medidas de produtividade atuais e definir as metas. Depois, implementa-se uma semana de quatro dias, comunicando os funcionários sobre o teste que vai acontecer, dando todas as informações de forma clara e concisa sobre os alvos estabelecidos. Essa é uma decisão que envolve toda a equipe, que precisa de tempo para se planejar. Também é válido desenvolver recursos e ferramentas para auxiliar na gestão dessa mudança, como um controle de produtividade.

2. Como tem sido essa experiência no mundo?

Uma das primeiras empresas a adotar a semana de trabalho de quatro dias foi a Perpetual Guardian, com sede na Nova Zelândia, em 2018. Quando fizeram o teste, descobriram que a semana de trabalho mais curta resultou em um aumento de 20% na produtividade dentro da empresa, e de 24% no equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional dos colaboradores. A semana mais curta também levou a uma redução de absentismo e de taxas de rotatividade, com maior retenção de talentos. E quando a gente olha para a experiência ao redor do mundo, vê vários exemplos dessa transformação.

3. Os desafios são diferentes em cada região? Como mitigar as dificuldades?

Sim, porque nós tratamos de culturas diferentes. Uma semana reduzida pode implicar em aumento de custos. Caso a empresa trabalhe em turnos, ela pode precisar de mais pessoal, por exemplo. Assim, é importante repensar a coordenação de cronogramas, a reorganização de reuniões e as formas de comunicação para que o trabalho seja concluído com eficiência. Isso tudo é um desafio e, dependendo da cultura, pode ter um impacto maior ou menor. É preciso estar preparado para se ajustar aos resultados do piloto – daí a importância dele. E sempre comunicar dados sobre o desempenho, os resultados e criar um ciclo de feedbacks para potencializar metas e a performance dos funcionários.

4. Quais são os principais benefícios para colaboradores e empresas no curto e médio prazo?

As evidências que colhemos nas pesquisas mostram que o futuro está na semana reduzida, porque depois do programa piloto, quase todas as empresas mantiveram o modelo. A receita geral aumenta, a maioria dos funcionários aprova a mudança e as taxas de demissão caem. As métricas de bem-estar melhoram significativamente quanto à qualidade de vida dos envolvidos, com tempo maior de sono, lazer, espaço para atividades domésticas e relações familiares. É um estilo de vida mais sustentável.

5. Como o mercado enxerga as empresas que adotam a semana de quatro dias?

Como pioneiras, lideradas por pessoas que estão olhando para a inovação, para o futuro e a sustentabilidade – tópicos urgentes na pauta mundial. Há também um grande ganho reputacional e no valor de marca, além de chamar a atenção da mídia. Isso também atrai talentos e gera diferenciação no mercado.

6. Os impactos econômicos já são percebidos?

O dia extra de folga produz um efeito indireto para todos: comunidade, sociedade e comércio. Boa parte de quem tem o benefício usa o tempo livre para fazer compras, o que pode impulsionar a economia. Outros aproveitam para ficar mais próximos da família, viajar, ir ao cinema ou curtir espaços de lazer.

7. Quais são os desafios para implementar o modelo no Brasil? Como você descreve a experiência até aqui?

Ainda temos muito chão pela frente. É preciso criar uma priorização de atividades, eliminando muitas tarefas do dia. Isso envolve uma grande mudança de cultura e não são todas as empresas que conseguem fazer esse movimento. Além disso, não existe uma proposta de mudança das leis brasileiras, que hoje preveem 40 horas de trabalho semanal. O que as empresas fazem, não apenas no Brasil, é adotar uma política de produtividade onde exista um acordo contratual sobre esse quinto dia, tido como um benefício.

8. Para você, o que é inteligência financeira?

Inteligência financeira é a capacidade de administrar, cuidar e otimizar as nossas finanças no nível pessoal, profissional e corporativo. O dinheiro é um recurso muito precioso, assim como o nosso tempo, a atenção, o conhecimento e a energia. Por isso, deve ser olhado com respeito, organização e direcionamento.

Conheça outras tendências do mercado e da economia em inteligenciafinanceira.com.br

“A semana de trabalho mais curta trouxe um aumento de 20% na produtividade dentro da Perpetual Guardian, e de 24% no equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional dos colaboradores.”

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