Acordo de livre-comércio euro-sul-americano começou a ser negociado quase 24 anos atrás. De olho no novo governo Lula, empresariado vê no 39º Encontro Brasil-Alemanha, em Belo Horizonte, uma chance para a implementação. As bandeiras do Brasil e do Mercosul em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília
Eraldo Peres/AP
Industriais alemães defenderam uma rápida implementação do acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai), na véspera do 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em Belo Horizonte.
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"A importância do Brasil para a Alemanha deveria refletir-se também nos números comerciais; o país deve figurar na lista dos 20 parceiros comerciais mais importantes; um grande avanço para uma maior cooperação seria a rápida entrada em vigor do acordo EU-Mercosul", declarou Siegfried Russwurm, presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), citado pela agência de notícias EFE.
A reunião em Minas Gerais, nesta segunda e terça-feira (13-14/03), transcorre quase 24 anos após o início das negociações para o acordo comercial entre os dois blocos econômicos. Segundo o empresário alemão, isso demonstra que "é preciso mais pragmatismo na política comercial da UE".
Russwurm sublinhou a importância de "não perder a oportunidade" de implementar com o bloco sul-americano "um dos projetos mais importantes" da agenda comercial bilateral, que "evitaria 85% das taxas sobre as exportações europeias para a região e, deste modo, vários bilhões de euros em impostos para as empresas, todos os anos".
Aposta no governo Lula
O acordo UE-Mercosul estabelece "padrões elevados em matéria de proteção do meio ambiente e direitos dos trabalhadores, e garante a todos os países a possibilidade de aplicar eficazmente o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas", assegurou Siegfried Russwurm. Além disso, conteria um capítulo separado sobre a sustentabilidade, com normas sobre biodiversidade, gestão florestal sustentável e luta contra o abate ilegal de árvores.
Recentemente, o ministro alemão da Economia e do Clima, Robert Habeck, afirmou ter esperanças que o 39º encontro traga avanços em relação ao Mercosul, sobretudo considerando-se a mudança de governo no Brasil, com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe de pasta disse crer que as negociações de ratificação do acordo possam estar provisoriamente concluídas já mesmo em 2023.
Habeck representa o lado alemão na reunião bilateral na capital mineira, o lado de seu colega Cem Özdemir, do Ministério da Alimentação e Agricultura. A delegação empresarial que encabeçam visitará também a capital da Colômbia, Bogotá.
O Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai integram o Mercosul (a Venezuela está suspensa desde 1º de dezembro 2016), enquanto Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname são Estados observadores.
av (Lusa,EFE)