IPCA fechou março com alta de 0,71% e acumulado em 12 meses foi de 4,65%, o menor desde 2021. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (19) avaliar que a inflação no Brasil tem caído de forma mais lenta que o esperado – mesmo com a taxa básica de juros da economia em patamar alto.
Considerado a inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou março em alta de 0,71% e acumulado de 4,65% em 12 meses, o menor desde 2021.
Os percentuais foram bem recebidos pelo mercado e resultaram em movimentos como a queda do dólar e a alta da Bolsa de Valores de São Paulo. O cenário, no entanto, ainda inspira cautela segundo a avaliação do BC.
"Olhamos muitas coisas e cruzamos muitos dados. Mas a realidade é que a queda da inflação é mais lenta do que esperávamos, considerando o patamar da taxa real de juros no Brasil. O que nos diz que a batalha não foi vencida e temos que persistir", declarou Campos Neto em conferência com investidores internacionais.
O presidente do BC foi questionado por um investidor sobre o motivo para o Banco Central levar em conta expectativas de especialistas que apontam uma inflação futura mais alta – e, supostamente, não levar em conta os dados atuais de mercado que indicam uma trajetória mais favorável.
Segundo Campos Neto, a avaliação do Banco Central é de que a inflação acumulada mais baixa, registrada atualmente, ainda está "contaminada" pelas medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro em 2022, durante o período eleitoral, para combater temporariamente a inflação.
"O índice bruto de inflação está 'poluído' pelas mudanças na tributação de gasolina, energia e gás. Quando olhamos para o cerne da inflação, está levemente abaixo dos 8%, o que é muito alto. [...] Quando falamos em expectativa, precisamos de 6 a 12 meses para amadurecer a tomada de decisão.", disse.
"O fato de a inflação projetada estar acima da meta é um sinal de alerta, de que precisamos olhar a questão mais de perto", completou.
Nova regra fiscal
Campos Neto também comentou brevemente, na conferência com investidores, o envio da proposta do governo de novas regras fiscais ao Congresso nesta terça (18).
O projeto, que ainda será votado, estabelece metas para o gasto público e para o superávit primário (ou seja, para a diferença entre o que o governo arrecada e o que o governo gasta, sem considerar os custos da dívida pública).
"Acho que é uma boa indicação de que estamos avançando na direção correta. Remove o risco que vi em algumas projeções por aí, de que a dívida fosse para 100% [do PIB] muito rápido", disse o presidente do Banco Central.