Na véspera, o principal índice do mercado de ações brasileiro recuou 2,12%, aos 103.913 pontos. Sede da B3Amanda Perobelli/ReutersO Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera em queda nesta quinta-feira (19), depois de um forte recuo na véspera, ainda avaliando os desafios do novo arcabouço fiscal e as medidas anunciadas para estímulo de crédito no país. No exterior, aumentam os receios com a inflação e possíveis altas de juros.Às 10h15, o Ibovespa caía 0,69%, aos 103.324 pontos. Veja mais cotações.Na véspera, o índice teve queda de 2,12%, aos 103.913 pontos. Com o resultado, passou a acumular alta de 1,99% no mês. No ano, no entanto, tem perdas de 5,31%.Governo entrega projeto da nova regra fiscal ao CongressoO que está mexendo com os mercados?Ainda pairam dúvidas entre especialistas se o governo terá condições de cumprir as regras estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal. O mercado desconfia da capacidade do ministro Fernando Haddad aprovar medidas que elevem a arrecadação, um pressuposto para o cumprimento das metas."O principal problema do arcabouço, a meu ver, não é seu desenho, que nem acho muito ruim. É compatibilizá-lo com compromissos do governo, que em qualquer política pública anunciada promete expansão de gastos", escreveu o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont."Se você está cético quanto a capacidade de execução, logo, precisa ter confiança na punição ao descumprimento. (...) Não existe punição e até mesmo alguns mecanismos de controle orçamentário (como os contingenciamentos) estão sendo colocados na sala de espera", prossegue.O Ministério da Fazenda anunciou nesta quinta um conjunto com 13 medidas que pretendem estimular o mercado de crédito e impulsionar as Parcerias Público-Privadas (PPPs) em estados e municípios.Ao final, a equipe econômica espera que o conjunto de medidas, se de fato implementado, amplie o mercado de crédito como um todo, reduzindo custos e taxas de juros, além de estimular investimentos em infraestrutura.No exterior, atenções estão em discursos de agentes do Federal Reserve (Fed) e divulgações de indicadores nos Estados Unidos, como vendas de residências usadas e de pedidos de auxílio-desemprego. Os dirigentes têm expressado preocupação com os núcleos da inflação americana, reforçando que o Fed deve aumentar os juros americanos na próxima reunião, no início de maio, e manter o patamar elevado por mais tempo, perseguindo a meta de 2%.Além disso, resultados corporativos estão no radar para medir a temperatura da economia americana. "Ontem, o resultado do Morgan Stanley fechou o setor de grandes bancos americanos com resultados que bateram estimativas, mas mostrou uma forte contração nos lucros de 19%, impactados por menor atividade no mercado de capitais que afetou o segmento de investment banking", diz relatório da XP. Na Europa, também continuam as reavaliações de agentes econômicos sobre o rumo dos juros. Isabel Schnabel, membro do conselho do BCE, disse na quarta-feira que o núcleo da inflação na zona do euro é "persistente" e que todos os preços, exceto energia, estão mostrando "alto ímpeto"."Com a agitação no setor bancário diminuindo e a inflação ainda alta, por exemplo no Reino Unido, vemos a política monetária sendo reavaliada novamente", disse Joost van Leenders, estrategista sênior de investimentos da Van Lanschot Kempen, à agência Reuters."Você tem uma inflação persistente e uma expectativa maior para a política monetária, mas também um crescimento menor. E esse é um quadro negativo para as ações e para os lucros."