A companhia anunciou nesta quinta-feira um investimento inicial de R$ 750 milhões nos próximos anos para estabelecer uma rede de mais de 2 mil fabricantes do setor têxtil no país. A Shein opera exclusivamente pela internetSheinA empresa de comércio eletrônico Shein disse que pretende manter os níveis de preços praticados no Brasil mesmo com o início de uma produção local, já que visa compensar maiores custos de fabricação com economias em logística, disse o presidente do conselho da empresa para a América Latina, Marcelo Claure, em entrevista. A companhia anunciou nesta quinta-feira um investimento inicial de R$ 750 milhões nos próximos anos para estabelecer uma rede de mais de 2 mil fabricantes do setor têxtil no país. A ideia é que em 2026 cerca de 85% das vendas no Brasil sejam de produtos fabricados internamente ou vendidos por comerciantes brasileiros no marketplace da empresa.Claure, ex-executivo do alto escalão do conglomerado japonês SoftBank, e que se juntou à Shein no início deste ano, disse que atualmente a empresa envia individualmente os produtos ao Brasil. A companhia atua globalmente com um modelo de produção através de parcerias com fabricantes têxteis e sob demanda, não dependendo, portanto, de estoques.A ideia é basicamente passar a enviar matéria-prima para o Brasil e localizar a fabricação no país, afirmou ele. "Todas as economias em transporte e logística serão compensadas pelo que acredito ser apenas um custo de fabricação um pouco mais alto. Então, o resultado final (em termos de preço) deve ser exatamente o mesmo ou menor", afirmou Claure à Reuters.O 750 milhões de reais serão empenhados principalmente para fazer a transição do modelo de fabricação tradicional para o sob demanda nas fábricas parceiras locais, treinar funcionários e digitalizar a operação.A Coteminas disse nesta quinta-feira que assinou memorandos de entendimentos com a Shein para o estabelecimento de parceria envolvendo 2 mil confeccionistas, que passarão a ser fornecedores da plataforma de comércio eletrônico com foco em varejo de moda.Claure também afirmou que a Shein não pretende virar uma varejista física. Atualmente, a empresa tem lojas transitórias em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.Haddad propõe nova taxação para compras online no exterior100% em conformidadeA Shein, uma empresa fundada na China, mas com sede em Cingapura, viu suas vendas explodirem no Brasil durante a pandemia. Segundo estimativas do BTG Pactual em relatório do final de janeiro, a companhia teve 8 bilhões de reais de vendas em 2022, contra 2 bilhões de reais em 2021. A Shein é uma empresa fechada, portanto não divulga diversos números operacionais e financeiros.Recentemente, a empresa, assim como outros marketplaces asiáticos, entrou em foco no Brasil após o governo anunciar que acabaria com a isenção de encomendas internacionais de até 50 dólares entre pessoas físicas. Segundo autoridades do governo, o benefício (que existe em vários países do mundo com diferentes tetos e é conhecido como "de minimis") estaria sendo usado ilegalmente por varejistas e marketplaces internacionais, especialmente da Ásia, para vender produtos mais baratos no Brasil, uma vez que as companhias estariam exportando como se fossem pessoas físicas.O governo, porém, recuou de suas intenções nesta semana, em movimento que veio após críticas de consumidores em redes sociais, que temiam o aumento de preços dos produtos de varejistas como a Shein, Shopee e AliExpress. Questionado se a Shein utiliza o "de minimis" para vender produtos mais baratos, Claure disse que a empresa opera "100% em conformidade com a atual legislação brasileira de importação de produtos"Ele afirmou que houve uma "confusão" e "falta de entendimento" do modelo de negócios da Shein, o que foi acertado após reunião com Haddad nesta tarde. "Tudo o que pedimos foi: regras claras e igualdade de condições para que possamos competir de forma justa, e acho que todos estão felizes do jeito que está indo", disse ele, afirmando que o governo se comprometeu em colocar "regras claras", e a empresa a cumprí-las. Segundo ele, o recuo do governo foi correto. "Acho que foi a coisa certa a fazer, porque muitas pessoas dependem do que compram, do que vestem com base na Shein e nos produtos que importam de Shopee, AliExpress, e de todos esses diferentes marketplaces altamente eficientes", afirmou o executivo.