Nesta terça (27), maioria dos integrantes do Copom avaliou que continuidade da queda da inflação pode possibilitar uma queda dos juros no começo de agosto. Taxa atual, de 13,75%, é a maior desde 2017. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (27) que há uma sinalização clara de "boa parte" da diretoria do Banco Central de que os efeitos da taxas de juros elevadas "produziram os resultados, e que o risco fiscal [de descontrole das contas públicas] está afastado".
Ele acrescentou que há, em sua visão, um "consenso" em relação à trajetória próxima das taxas da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano – o maior nível em seis anos e meio.
"O Brasil está em trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal [relativa às contas públicas] com a política monetária [decisões de juros por parte do BC para conter a inflação], que é algo que e defendo desde dezembro, eu acredito que possa acontecer brevemente [um possível corte de juros]", declarou Haddad.
Mais cedo nesta terça, a maioria dos integrantes do Copom, colegiado formado pelo presidente e diretores do Banco Central e responsável por fixar os juros básicos da economia, avaliou que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas do mercado para o IPCA, pode possibilitar uma queda dos juros no começo de agosto.
"A avaliação predominante [entre os integrantes do Copom] foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso [bem gradual] de inflexão [corte dos juros] na próxima reunião [marcada para o início de agosto]", informou o BC, na ata da última reunião do Copom.
O Copom avaliou, ainda, que avalia de forma unânime que cortes de juros "exigem confiança" no trajetória de queda da inflação, uma vez que reduções "prematuras" da taxa Selic podem gerar "reacelerações do processo inflacionário".
Essa reaceleração da inflação, por conta de um possível corte prematuro dos juros, poderia, por sua vez, "levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário", ou seja, fazer com que o BC parasse de baixar os juros.
"A materialização desse tipo de cenário [parada dos cortes de juros por uma eventual reaceleração da inflação] pode impactar negativamente não apenas a credibilidade da política monetária [da definição do juro pelo BC], mas também as condições financeiras", concluiu o BC.
Na visão do ministro Fernando Haddad, ficou claro, pela ata do Copom, que o país está no caminho certo. "Eu penso que a economia brasileira, precisa, em virtude dessa desaceleração do crédito no Brasil, muito acentuada, considerar o esforço sendo feito pelo governo. E a trajetória das variáveis todas de desaceleração, taxas de inflação, convergência. Vamos ver, vamos aguardar", acrescentou Haddad.
Mercado vê possível corte em agosto
Até o momento, a previsão do mercado é justamente de que os juros comecem a recuar em agosto, quando passariam para 13,50% ao ano.
Para o fim deste ano, a previsão é que que a Selic cai para 12,25% ao ano.
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC olha para frente.
Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
A meta de inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação deste ano, de 5,12% para 5,06%, e passaram a projetar uma inflação de 3,98% para 2024.
Pressão de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central a iniciar o processo de redução da taxa básica de juros da economia, e critica o efeito de juros altos sobre o crescimento da economia e a geração de empregos.
Nesta semana passada, em transmissão pela internet, Lula voltou a pressionar pela queda de juros.
"Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porque ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado, por que ele não baixa [a taxa]", disse.