Estimativa de demanda por energia é do Operador Nacional do Sistema (ONS). Além da onda de calor, aceleração da economia também influencia consumo. Temperaturas passaram dos 40ºC.
Bruno Rezende/GOV-MS
Em meio à onda de calor registrada no país, o Operador Nacional do Sistema (ONS) estimou nesta semana que a demanda por energia elétrica deve bater recorde para meses de setembro.
Além das altas temperaturas, que impulsionam por exemplo o uso de ar condicionado, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, avaliou que a aceleração da economia também tem influenciado a demanda por energia em setembro.
A primavera começou na madrugada deste sábado (23), e deve seguir a tendência de muito calor das últimas semanas. A previsão aponta para novos recordes de temperatura neste primeiro fim de semana da nova estação, o que tende a manter em alta a demanda por energia.
Apesar disso, a área técnica do Ministério de Minas e Energia avaliou não ser necessário retomar em 2023 o horário de verão - que está suspenso desde 2019. A avaliação é que a situação dos reservatórios e a oferta de fontes renováveis são suficientes para garantir o fornecimento de energia. A decisão final sobre uma eventual retomada, no entanto, não cabe à pasta.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo o retorno do horário de verão. Segundo a entidade, o horário de verão gera impacto direto no faturamento dos bares e restaurantes, com alta estimada de 10% a 15%.
Altas temperaturas
Neste domingo (24), doze capitais devem ter temperaturas acima de 35ºC, segundo dia da primavera no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em Cuiabá, a temperatura pode bater 42ºC. Já em Campo Grande e em Palmas, os termômetros podem marcar 39ºC.
A onda de calor atípico começou na segunda-feira (17), últimos dias de inverno. O aumento da intensidade da onda de calor que tem resultado em temperaturas acima da média para 11 estados e o Distrito Federal fez o Inmet ampliar o alerta de "grande perigo".
De modo geral, um alerta vermelho, segundo o instituto, é emitido quando é esperado um fenômeno meteorológico de "intensidade excepcional, com grande probabilidade de ocorrência de grandes danos e acidentes, com riscos para a integridade física ou mesmo à vida humana". O alerta é válido até as 18h de terça (26).
Alerta vermelho calor extremo
Reprodução
Bloqueio atmosférico
Tecnicamente, os meteorologistas dizem que há um "bloqueio atmosférico" em atuação: uma área de alta pressão no centro do país que está ganhando força e que impede a entrada das massas de ar frio.
Mas bloqueios atmosféricos são comuns. O que faz o atual virar motivo de preocupação são os fatores listados abaixo:
El Niño atípico: o fenômeno que está mais intenso neste ano: ele aquece as águas do Oceano Pacífico e freia a atuação de frentes frias no Brasil; ele dá força para o bloqueio atmosférico;
Aquecimento global: especialistas afirmam que a queima de combustíveis fósseis torna eventos extremos (ciclones, enchentes e etc.) mais prováveis, e que ondas de calor recentes na Europa teriam sido praticamente impossíveis sem as mudanças climáticas;
Setembro: é naturalmente um mês de altas temperaturas no centro do Brasil devido à combinação do final do período seco e ao aumento da radiação solar.
Economia aquecida
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro elevaram a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desse ano de 2,64% para 2,89%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.
A previsão de um crescimento maior da economia acontece após o anúncio de que o PIB do segundo trimestre deste ano teve alta de 0,9%, resultado que foi três vezes maior do que o esperado.
"As considerações do cenário econômico recente, associadas às informações meteorológicas do período são fatores que explicam o comportamento da carga durante o mês de setembro de 2023", informou o ONS, em relatório.