A Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília (SP) vai investigar denúncias de assédio sexual e moral feitas por alunos contra um professor. As manifestações sobre a conduta do docente da instituição foram expostas em cartazes dentro do campus nesta sexta-feira (17).
Nos cartazes, foram colocadas supostas frases, algumas delas de conotação sexual, que seriam do professor, que dá aulas no curso de Relações Internacionais.
O Centro Acadêmico do Curso de Relações Internacionais, da Unesp de Marília, entregou o documento à ouvidoria da instituição com 44 denúncias de alunos contra o professor.
Assinado no último dia 13 de maio, o documento acusa o docente de "prática questionáveis, inadequadas, e que até mesmo, supostamente, incitam crimes".
Os denunciantes falam em ambiente de aprendizado em que "respeito e dignidade são desconsiderados". Foi relatado no documento que o professor diz palavras ofensivas e comentários com teores sexuais e desrespeitosos, inclusive relatos de transfobia, sem conexão com o contexto do assunto ensinado, além de suposto assédio.
Dentre as mensagens expostas no campus, que teriam sido ditas pelo professor em sala de aula, estão: "só quando a mulher tira a calcinha, você descobre se ela é porca ou não" e "ninguém aguenta mais ver mulher com os peitos de fora, se você quer mostrar seus peitos, mostra para outro".
Em nota, a Unesp afirmou que "a denúncia foi formalmente recebida na tarde desta quinta-feira (16), e, em conformidade com os procedimentos institucionais administrativos previstos em situações dessa natureza, foi encaminhada, preliminarmente, para análise técnica da assessoria jurídica da própria instituição, com vista à orientação acerca dos procedimentos subsequentes a serem adotados".
"Todas as denúncias de assédio que chegaram ao conhecimento dessa atual gestão foram devidamente apuradas e, quando comprovada a materialidade, os acusados foram punidos, como recentemente ocorreu", completa o comunicado da universidade.
Ainda na denúncia entregue à Unesp, os alunos alegam que o professor proferia falas xenofóbicas, racistas e misóginas durante as aulas. "africanos e latinos não usam o cérebro" e "em Israel não tem estupro pois as mulheres têm fuzil".
Uma das alunas, que não quis se identificar, afirma que os estudantes temem represálias do professor: "Nós temos muito medo, ele ameaça toda vez", contou anonimamente ao g1.
Os cartazes, ainda no início da tarde desta sexta-feira (17), foram retirados do campus por uma equipe de segurança da instituição.
A Universidade não detalhou prazos para análise da denúncia, nem se o professor será afastado das funções pedagógicas enquanto ocorre a investigação. A Polícia Civil informou que não foi registrado nenhum boletim de ocorrência sobre o caso.