Com o cabelo afro à mostra, símbolo da própria beleza, a pequena Natasha Simões dos Santos, de 8 anos, acumula vitórias em concursos de miss infantil. A última delas, foi o título de 1ª Mini Princesa do Brasil, que lhe dará a oportunidade de representar o país em um concurso internacional, na República Dominicana.
Em uma sociedade onde, muitas vezes, o padrão de beleza é branco, magro e liso, a menina, de Marília, no interior de SP, tem a companhia constante da mãe para que se reconheça na estética negra e encontre a própria beleza.
"Ela ama o cabelo black dela e de ter essa beleza diferente, e eu tento sempre reforçar esse pensamento. Desfilar é o que ela o que ela gosta de fazer. Enquanto ela quiser e se sentir bem, eu vou apoiá-la", relata a mãe Naiara Ribeiro Simões, de 32 anos.
Além da avaliação dos traços físicos, a disputa neste tipo de concurso envolve também a análise do comportamento e da conduta das candidatas, características que, segundo a mãe, também favorecem a filha.
"Natasha desde pequena sempre gostou de fotos, sempre foi muito simpática e comunicativa, o que também faz parte. Coloquei ela no primeiro concurso, daí para frente ela amou e sempre participou de vários", explica a mãe.
Com uma rotina de participação em desfiles e concursos desde os 5 anos, Natasha coleciona conquistas, apesar da pouca idade.
O primeiro título foi em 2021, quando venceu o Miss Marília Fashion Week; no ano seguinte ganhou o Miss Marília Infantil e, no mesmo ano, o 1º lugar no Miss Primavera. Ano passado, a jovem foi vice-campeã do Miss Marília Fashion Week e 3º lugar no concurso Miss São Paulo.
Em abril deste ano, a pequena miss participou do Festival Brasil Infantil, em Curitiba (PR), e ficou em 2º lugar, conquistando o título de 1ª Mini Princesa do Brasil 2024.
Com o resultado, a jovem foi selecionada para representar o Brasil em um concurso na República Dominicana, em fevereiro de 2025. Uma oportunidade que também significa a chance de viajar para fora do país, ao lado da mãe, pela primeira vez.
Para os próximos oito meses, enquanto espera a data da disputa, a mãe de Natasha diz que busca reforçar o valor da conquista para a própria filha e, assim, aliviar qualquer tipo de tensão ou ansiedade pelo momento.
"Estou preparando a Natasha, conversando bastante com ela. Caso não ganhe, ela já é vencedora só de estar ali", comenta.
Além da preparação psicológica, a mãe também corre atrás para arcar com a viagem dos sonhos da filha, além de roupas, maquiagem e cabelo. "Estamos aceitando patrocínio porque é uma viagem cara e ainda tem os vestidos, as fantasias, muitas coisas à parte", comenta.
Seja como for, a mãe se diz orgulhosa de poder ver a filha, tão cedo, ressignificar a autoestima e as definições do "belo" por meio da valorização da própria identidade negra. Isso tudo, segundo a mãe, com a filha apaixonada pelo que faz e mantendo uma infância igual a de qualquer outra criança.
"Natasha tem uma infância normal, como de qualquer outra criança, não tem diferença nenhuma. Até porque é dela gostar de desfilar, gostar de fotos. Não preciso falar nada, ela simplesmente vai e faz", diz a mãe.
O uso do cabelo natural e a valorização da identidade negra dentro do contexto que envolve a disputa em um concurso de beleza vem inspirando não só outras meninas como Natasha, mas também orgulhando a própria família.
"Para nós, pais, é gratificante ver ela atingindo lugares que pra nós seria impossível. E isso de um jeito tão potente e sem medo de ser ela. Sei que ela vai além e, se for isso mesmo que ela queira, espero que tenha uma carreira de sucesso", sentencia a mãe.