A Câmara de Tupã (SP) aprovou, na quarta-feira (12), um projeto de lei que determina que hospitais e maternidades da cidade ofereçam leitos separados para mães que passaram por casos de natimorto, morte fetal ou neonatal.
O projeto, de autoria do vereador Israel Velloso da Silva Neto (PSD), foi inspirado na sugestão de Juliana Freitas, mãe que perdeu o filho 18 minutos após o nascimento, e de outras mães que enfrentam o luto neonatal e gestacional. Elas estiveram presentes na sessão da Câmara que aprovou a proposta.
Juliana descobriu a gestação em março do ano passado, mas, com 12 semanas, recebeu a suspeita de um diagnóstico de doença genética rara, o que impossibilitaria a sobrevivência do bebê. Mesmo diante do prognóstico, ela e o marido, Rafael, decidiram viver intensamente a gravidez e a esperança de conhecer o filho, um menino chamado Gabriel.
Para Juliana, essa medida representa uma importante conquista para as mulheres que enfrentam esse momento difícil. "Foi uma grande conquista por sabermos que temos esse direito assegurado agora. Precisamos divulgar para que mais mulheres conheçam esse direito, pois, infelizmente, ainda há muitos profissionais que não têm um olhar empático e humano, aumentando a dor de quem passa por essa perda", destacou.
'Café com saudade'
Após a perda do filho, Juliana tornou-se ativista da causa e reuniu um grupo de mães para debater sobre a perda gestacional e criar uma rede de apoio ao luto. A iniciativa, chamada "Café com saudade", tem o objetivo de proporcionar acolhimento e conscientização para famílias e profissionais da saúde que lidam com essas perdas.
Especialista em nutrição materno-infantil, Juliana coordena o projeto ao lado da terapeuta ocupacional e educadora perinatal Suelen Gama e da ginecologista e obstetra Amanda Pelosi. "Após a perda, muitas vezes não se encontra espaço para falarmos sobre nossos filhos. Eles existiram, são nossos filhos, e falar sobre eles, sobre nossa história, nos cura. Então, pensei em criar o 'Café com saudade' para ser esse espaço de escuta e acolhimento a essas famílias, que, por muitos motivos, carregam essa dor caladas", afirmou.
