No Mundial de bocha, que terminou na última terça-feira (13), no Rio de Janeiro, Iuri Tauan e Andreza Vitória, ambos de 21 anos, simbolizaram a renovação em uma equipe repleta de medalhistas paralímpicos, como Maciel Santos, Eliseu dos Santos, José Carlos Chagas, Evelyn Oliveira e Evani Calado. Iuri, estreante na competição e que passou a representar o Brasil no ano passado, caiu na fase de grupos da classe BC2 (atletas que utilizam mãos ou pés para os arremessos, sem apoio de auxiliar) masculina.
Andreza, por sua vez, conquistou o título individual da classe BC1 (atletas que também utilizam mãos e pés para arremessar, mas com apoio de um auxiliar que entrega as bolas), no primeiro Mundial da carreira. Curiosamente, ela superou uma croata (Dora Basic) na final, que ocorreu um dia após a eliminação brasileira na Copa do Mundo, justamente para a Croácia. Em tempo: a medalha foi a única do país na competição.
Não significa, porém, que o ouro de Andreza seja um resultado exatamente imediato, apesar da precocidade da atleta. No ano passado, ela competiu em Tóquio, caindo ainda na primeira fase, com quatro derrotas em quatro duelos. Vale lembrar, porém, que a Paralimpíada em solo asiático foi o último grande evento da bocha sem divisão por gênero. No grupo em que foi sorteada, a jovem pernambucana enfrentou três homens e uma mulher.
"Tóquio foi, sem dúvida, uma grande oportunidade para o meu amadurecimento em todos os sentidos. Como atleta no geral, por participar de uma grande competição sendo tão jovem, e de como me comportar dentro de quadra na classe BC1 [ela competia na BC2 até 2018, quando foi reclassificada]", comentou Andreza, líder do ranking mundial feminino da BC1, à Agência Brasil.
Maciel Santos, Andreza Vitória e Iuri Tauan durante disputa no Mundial de Bocha Paralímpica, que terminou na última terça (13), no Rio de Janeiro - Dantas Júnior/CPB/Direitos Reservados"O processo [da bocha] não está só centrado na Andreza e no Iuri. Eles são expoentes, por estarem na seleção, mas temos um grupo que estará nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens de Bogotá [Colômbia] e no Mundial [de Jovens] de Portugal, no ano que vem. Alguns aparecem mais rápido, outros demoram um pouco mais. A BC2, classe do Iuri, é a mais competitiva de todas. O Maciel, número um da classe, multicampeão, não passou das quartas nas últimas competições. Por que jogou mal? Não, porque [a classe] é muito equilibrada. Era previsível que a Andreza desse resultado antes do Iuri", completou Leonardo Baideck, diretor-técnico da Associação Nacional de Desportos para Deficientes (Ande).
Por mais que os Mundiais tenham um peso grande, a Paralimpíada é o evento principal, não tem jeito. O planejamento de comitês, confederações, associações técnicos e atletas é todo voltado para se atingir o auge físico, técnico e mental ao final do ciclo de quatro anos. As diferentes experiências das trajetória, especialmente aquelas em palcos quase tão grandes quanto o dos Jogos, inclusive aquelas mais agridoces, podem fazer diferença em 2024. E de lá em diante também, por que não?
* Lincoln Chaves é repórter da TV Brasil, Rádio Nacional e Agência Brasil