As duas seleções foram definidas após a semana inaugural de treinos da temporada, no CT Paralímpico, em fevereiro, com 28 atletas. Sete foram chamados pela primeira vez, como o ex-goleiro Bruno Landgraf, que disputou as Paralimpíadas de Londres (Reino Unido) e do Rio na vela. Campeão mundial sub-17 no futebol, ele ficou tetraplégico após sofrer um acidente de carro, em 2006. Bruno, porém, está fora neste primeiro momento. Das caras novas, quatro (Cauê Borges, Giuliano Castro, Matheus Soares e Rodolfo Polidoro) foram chamadas ao grupo permanente - considerando as equipes principal e de desenvolvimento - que cumprirá uma agenda determinada pela ABRC ao longo da temporada e terá contrato de um ano.
As atividades em São Paulo foram a primeira oportunidade para Benoit Labrecque trabalhar com os atletas desde seu anúncio como novo técnico, em janeiro. O canadense levou o país natal à medalha de bronze no Campeonato Mundial de 2006, na Nova Zelândia, e na Paralimpíada de Pequim (China), dois anos depois. Ele dirigiu o time brasileiro entre 2013 e 2014 e ainda comandou Suíça, Suécia e Finlândia. Benoit será o treinador da equipe principal, enquanto Ana Paula Boito Ramkrapes - responsável pelo Brasil no Parapan de Lima (Peru), em 2019 - ficará a cargo do time de desenvolvimento.
A única participação paralímpica do Brasil no rugby em cadeira de rodas foi em casa. Nas outras cinco edições nas quais a modalidade esteve presente, desde Sydney (Austrália), em 2000, o país não foi representado. A meta é fazer história em Paris e repetir 2022, quando a seleção se classificou, pela primeira vez, ao Mundial da modalidade, em Velje (Dinamarca), graças ao terceiro lugar na Copa América, realizada em Medelín (Colômbia).
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A missão não será fácil. Atuais vice-campeões paralímpicos, os Estados Unidos poderiam ter "facilitado" o caminho se tivessem conquistado o Mundial da Dinamarca, que daria vaga a Paris, mas perderam a final para a Austrália. Não bastasse a concorrência do time norte-americano, líder do ranking da World Wheelcheir Rugby (WWR), que é a federação internacional da modalidade, os brasileiros ainda terão pela frente no Parapan o Canadá, país que idealizou o rugby em cadeira de rodas, medalhista de prata na edição de Lima e ouro quando foram anfitriões, em Toronto.
“O desafio é grande. Achamos muito difícil conseguir vaga [direta] pelo zonal das Américas [Parapan], que é apenas para o campeão. Nossa ideia é fazer um bom Parapan e buscarmos lugar no qualificatório [repescagem] da Paralimpíada, que terá oito times para três vagas. O Brasil nunca conseguiu vaga à Paralimpíada sem ser o país anfitrião. Seria a primeira vez”, projetou Higino.
O rugby em cadeira de rodas é praticado por homens e mulheres com tetraplegia ou grau elevado de comprometimento físico-motor. Os atletas são divididos em sete classes (0,5 ao 3,5, variando a cada meio ponto). Quanto menor o número da categoria, maior o grau de deficiência. A soma das classes dos jogadores em quadra (quatro por time) não pode passar de oito.
A partida tem quatro períodos de oito minutos e é disputada em uma quadra com as dimensões de uma de basquete (15 metros de largura por 28 metros de comprimento). Os atletas devem ultrapassar a linha do gol rival com as duas rodas da cadeira e a bola (semelhante à do voleibol) em mãos, marcando um ponto. É diferente do rugby convencional, no qual cruzar a meta adversária com a bola (que é oval) e tocá-la no chão (o chamado try) vale cinco pontos.