No começo do ano, Lula defendeu aumento na meta de inflação. Para 2023, meta está fixada em 3,25% e, para os próximos dois anos, em 3%. A ministra do Planejamento, Simone TebetTon Molina/Fotoarena/Estadão ConteúdoA ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira (27) que uma mudança na meta de inflação não é um assunto que esteja sendo tratado pela equipe econômica do governo. Segundo Tebet, é uma "questão que não está posta na mesa".No começo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu um aumento na meta de inflação, que atualmente é de 3,25% para 2023 e está fixada em 3% para os próximos dois anos.Cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar as metas de inflação. O conselho se reúne mensalmente e é formado pelos ministros da Fazenda e Planejamento e Orçamento e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.O CMN já fixou as metas de inflação para os anos de 2023, 2024 e 2025. Em junho, deverá estabelecer a meta para 2026, podendo revisar as demais."Em relação à meta de inflação, aos parâmetros, se vamos mexer ou não, esse é um não assunto no governo. Pelo menos, um não assunto no Ministério da Fazenda e no Ministério do Planejamento e Orçamento", afirmou Tebet em evento promovido pela Arko Advice."E é um não assunto não apenas porque eu não posso dizer isso, é um não assunto porque eu e o ministro Haddad entendemos que essa é uma questão que não está posta na mesa", completou.Segundo Tebet, há dúvidas sobre se uma alteração na meta da inflação traria o resultado esperado pelo presidente Lula, que é uma melhora na economia com possibilidade de redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano."'Ah, mas no meio do ano é a data [da reunião do CMN]'. Nós não estamos discutindo, nós temos inclusive dúvida se mexer na meta vai gerar o resultado que nós queremos, que é diminuir a inflação para que possamos ter diminuição da taxa de juros", explicou a ministra.Tebet disse que houve uma conversa inicial sobre o tema entre ela, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Netos, mas que, depois, o assunto não foi mais tratado."Isso foi colocado na mesa na primeira reunião que nós tivemos, mas só depois dela nós tivemos pelos menos mais duas e nós não tratamos da questão da meta de inflação", disse Tebet.Mudança na meta de inflação não vai ser discutida pelo CMN, diz HaddadMinistério da FazendaMais cedo, ao participar do mesmo evento, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou que "não há nenhuma pretensão de alteração do cronograma daquilo que estava estabelecido"."Do ponto de vista 'intramuros', o debate por parte do governo, por enquanto não há nenhuma pretensão de alteração do cronograma daquilo que estava estabelecido, que é o regular para o debate sobre a questão de meta de inflação, que é para o Conselho Monetário do meio do ano", afirmou Galípolo.Ele ressaltou, contudo, que o tema é estudado "há muito tempo" pela Fazenda e pelo Banco Central, mas que transcende a questão especificamente da meta. "É uma coisa mais ampla, que busca coletar informações sobre a experiência internacional, [...] tentando considerar as particularidades de um país como o Brasil", disse o secretário da Fazenda.