As duas primeiras reuniões do Copom do ano são em janeiro e março, e, mantendo o ritmo de redução, a taxa pode cair para 10,75% ao ano. Roberto Campos Neto explicou que o BC tem uma 'visibilidade' para fazer as indicações sobre juros somente até março. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (21) que é possível indicar, neste momento, cortes de juros no ritmo de 0,5 ponto percentual por encontro nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) - marcadas para janeiro e março do ano que vem. Atualmente, a taxa Selic está em 11,75% ao ano, após quatro cortes seguidos. Com a manutenção do atual ritmo de corte em 0,5 ponto percentual por reunião, os juros terminariam março em 10,75% ao ano.Segundo ele, o Banco Central tem uma "visibilidade" para fazer um "guidance", ou seja, uma indicação do que poderá ser feito, somente para os dois próximos encontros do Copom. "As próximas duas reuniões é a forma de conduzir a política com o menos custo possível. Na última reunião [do Copom], a intepretação de forma unânime é que é a melhor forma de fazer", declarou Campos Neto, durante coletiva sobre o relatório de inflação do quarto trimestre deste ano. O Banco Central tem sido duramente criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter demorado para começar a reduzir a taxa básica de juros, que começou somente em agosto deste ano. Campos Neto não respondeu se teme um aumento das críticas por sinalizar corte de juros somente até março de 2024. O presidente do BC reafirmou que existe uma relação entre a definição da taxa de juros pelo Banco Central, a chamada política monetária, conduzida pela instituição para buscar as metas de inflação, e a política fiscal - que é a definição de metas para contas públicas e o seu atingimento, por meio de cortes de gastos ou aumento de arrecadação."Existe uma relação entre fiscal e expectativa de inflação. Mas nada é mecânico. A gente tenta ver os fatores que podem influenciar para dar um guia de como tomamos decisão. Se o fiscal for pior, e o governo seguir fazendo reformas, e o mercado entender que uma coisa não impacta tanto a outra, pra gente não é relevante. O fiscal é importante, mas não é mecânico", explicou Campos Neto. O ministro da Economia, Fernando Haddad, tem informado que segue perseguindo a meta de déficit zero para as contas do governo em 2024. Para isso, tem buscado medidas de aumento de arrecadação. Campos Neto elogiou o ministro Haddad por buscar a meta de déficit zero em 2024, que ele já admitiu que "ninguém espera" que isso seja atingido. "A gente acha que é importante perseguir as metas. Parabenizei o ministro Haddad por ter aprovado a [Medida Provisória] 1185. Avançamos com a reforma tributária, o mercado entende como uma compensação [em relação à dificuldade para zerar o déficit em 2024]. Tem sempre uma compensação entre uma coisa e outra", acrescentou o presidente do BC.De acordo com o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, o mercado financeiro projeta um déficit nas contas públicas de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, de 0,6% do PIB em 2025 e de 0,5% do PIB em 2026. Ou seja, vê as contas no vermelho durante todo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.