Durante a colonização, árvore quase desapareceu junto à etnia indígena Xokleng, que vive em comunhão com a espécie. Araucária quase foi extinta no Brasil por busca desenfreada por madeira
O Globo Rural completa 43 anos neste domingo e, na ocasião, homenageia a majestosa árvore do Sul do Brasil: a araucária.
A espécie é uma sobrevivente assim como a etnia indígena Xokleng, que habita a região. A história da árvore é interligada a este povo: um não vive sem o outro.
Mas eles quase desapareceram durante o desbravamento do Sul, no tempo do tropeirismo. Forças paramilitares eram pagas pelo Estado para matar os indígenas e sequestrar crianças e mulheres jovens.
Neste mesmo contexto, a busca frenética pela madeira destruiu 97% do total de araucárias no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o que colocou a árvore na lista de espécies em risco de extinção.
Hoje, indígenas e pesquisadores lutam para preservar a Araucária. Saiba mais no vídeo acima.
Araucária Globo Rural
Reprodução/Globo Rural
Colher pinhão nas alturas
Saiba como é a vida nas alturas de quem extrai pinhão de Araucária
Das 19 espécies de araucária que existem no mundo, apenas três produzem o pinhão. Umas delas está no Brasil: a Araucaria Angustifolia, que é a fonte de renda de algumas famílias do Sul.
A extração da pinha, porém, não é simples. Agricultores precisam ter cuidado para não caírem das árvores, já que as pinhas são derrubadas de uma altura de até 30 metros.
No vídeo acima, saiba mais como é a vida nas alturas de quem extrai a pinha.
Entrevero: história e culinária
Prato típico com pinhão, entrevero carrega história dos tropeiros do Sul
O pinhão também é ingrediente de muitas receitas. Mas a mais típica delas é o entrevero.
A receita é uma herança dos tropeiros que, ao desbravarem o Sul do Brasil, precisavam de um alimento calórico para suportar o frio da região e as longas viagens.
Em espanhol, entrevero tem o sentido de confusão e a receita leva esse nome pela "bagunça" dos ingredientes. No vídeo acima, saiba mais sobre o uso do pinhão na culinária.
Araucária sobreviveu a asteroide
Araucária viu separação dos continentes e asteroide que levou dinossauros à extinção
Há 250 mil anos, a araucária já existia e presenciou a separação dos continentes e o choque do asteroide que exterminou os dinossauros – mas ela sobreviveu.
Contudo, uma outra ameaça atingiu a espécie: a exploração no Sul do Brasil para uso da madeira. A matéria-prima foi usada na construção de linhas de trens, esteio para pontes e de base para casas, além de ser um dos principais produtos para exportação.
No Sul do país, as casas de madeira fazem parte da arquitetura rural e urbana, apesar de esse tipo de construção ter se tornado mais escasso. No vídeo acima, veja prédios históricos feitos a partir da madeira da árvore.
Mudança climática ameaça espécie
Mudança climática ameaça a araucária.
As araucárias, que já estão em risco de extinção, podem ficar ainda mais vulneráveis por causa do efeito estufa e do aumento da temperatura média anual em seu habitat natural, aponta um grupo de estudos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Dois cenários são projetados:
mesmo em caso de forte redução dos gases do efeito estufa em 20 anos, haveria uma perda de aproximadamente 50% da área de distribuição da araucária;
sem novas medidas para controlar a emissão dos gases até 2100, cerca de 77% do habitat da espécie seria perdido.
As chances de sobrevivência da araucária caem em temperaturas acima de 14°C. Entenda no vídeo acima.